As ações do Inter derreteram no primeiro dia de negociação na Nasdaq.

Sob ticker INTR, os papéis da companhia fecharam em forte queda de 12,56%, negociados a US$ 3,48 cada, mesmo com a Bolsa de Valores de Nova York encerrando com valorização de 1,62%.

Vitorio Galindo, analista de investimentos e head de análise fundamentalista da Quantzed, diz que a queda expressiva do Inter na Nasdaq se deve à alta dos juros nos Estados Unidos, que afeta especialmente as empresas do setor de tecnologia.

O que se tem visto é uma migração dos investidores de empresas techs para nomes com fluxo de caixa mais previsível e com maior potencial de geração de renda e dividendos – ou até uma geração de caixa operacional que aguente o período de juros e inflação elevados, comenta o especialista.

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“Essa alta de juros desincentiva investidores a pagarem valuations muito altos. O dinheiro fica mais escasso. É mais difícil achar investidores que querem pagar por lucro futuro ou expectativa lá na frente”, explica.

A estreia na Bolsa dos EUA ocorre dias depois do início das negociações dos BDRs da companhia na B3 (B3SA3), que fecharam o primeiro dia em alta de quase 2%, mas, desde então, estão em ritmo acelerado de queda.

Contaminados pela performance negativa das ações na Nasdaq, os BDRs do Inter encerraram esta quinta com desvalorização de 7,96%, negociados a R$ 17,93.

A migração da companhia para o mercado de ações norte-americano é fruto de uma reorganização societária que visa implementar uma estratégia de negócios de crescimento. Com a reestruturação, o Banco Inter passa a fazer parte da holding Inter&Co.

A entrada na Nasdaq também é uma tentativa de a empresa se tornar uma companhia global, com múltiplos maiores, sob o controle da família Menin.

As ações BIDI3 e BIDI4, bem como as units BIDI11, deixaram de ser negociadas na B3 na última sexta (17).

Migração é positiva?

Para Gustavo Pazos, analista do time de research da Warren, pode-se dizer que o Inter acertou em migrar para a Nasdaq, onde o investidor está mais acostumado com empresas de crescimento.

Porém, a migração pode não ser a solução para o desempenho fraco que o Inter vinha apresentando no mercado de capitais.

“A migração não muda o fundamento da empresa, ela continua funcionando do mesmo jeito. Ela apenas se aproximou de investidores que são um pouco mais acostumados com a tese dela”, afirma Pazos.

Dois motivos pressionam a ação, avalia o analista.

Além de citar o cenário macroeconômico atual desfavorável, que empurra investidores para títulos atrelados a juros, e não para as Bolsas, o modelo de negócio do Inter conta com alguns buracos.

A dinâmica do Inter é semelhante à do Nubank (NU;NUBR33). Ambas as companhias reportam forte crescimento em suas respectivas bases de clientes. Porém, elas não conseguem fazer dinheiro em cima delas.

“Bancões geram, em média, dez vezes mais dinheiro em cima dos seus clientes do que Nubank, Inter. Nesse sentido, é mais vantajoso ter uma base de clientes menor, mas mais rentável, do que ter uma base de clientes enorme e que não consegue gerar receita”, diz Pazos… saiba mais em Money Times 23/06/2022