ODistrito divulgou nesta quarta-feira (6/7) um levantamento com dados consolidados domercado brasileiro de venture capital no primeiro semestre deste ano. Segundo a plataforma, houve queda significativa nos investimentos em startups: foram US$ 2,92 bilhões investidos em 327 deals — baixa de 44% na comparação com o mesmo período do ano passado. Também foi relatada uma diminuição de 21% no número de rodadas.

Com o resultado, Gustavo Araujo, cofundador do Distrito, diz que a previsão de que os investimentos em startups devem ultrapassar US$ 10 bilhões em 2022 foi revista. “Não será possível com um primeiro semestre que não alcançou US$ 3 bilhões. Por causa do impacto no late stage, será muito difícil chegar próximo do que foi o ano passado”, diz ele.

No comparativo com o primeiro semestre de 2020, quando começou a pandemia de covid-19, nota-se aumento de 138% no volume e de 24% no número de rodadas. De acordo com Araujo, os dados mostram que, apesar da queda em 2022, a tendência é que o ecossistema continue em crescimento. “Não há dúvida de que o ano passado foi realmente muito forte, especialmente para o Brasil”, afirma.

Investimentos em startups caem 44%

O ano começou seguindo o ritmo do anterior. “Entendemos como rodadas aquelas que já estavam negociadas e as que já haviam sido feitas, mas só foram anunciadas no primeiro trimestre deste ano”, diz Araújo. Os meses mais fortes de investimento foram janeiro e fevereiro, com US$ 602 milhões e US$ 787 milhões, respectivamente.

Analisando os setores investidos, o de fintechs continua dominando (US$ 1,36 bilhão), seguido por retailtechs (US$ 370 milhões) e HRtechs(US$ 250 milhões).

As rodadas seed tiveram aumento de 86% em relação ao primeiro semestre do ano passado, enquanto as de early stage (Séries A e B) cresceram 14%. A baixa maior foi sentida em aportes late stage, ou seja, Série C em diante — queda de 68% em relação ao primeiro semestre. “Isso foi uma surpresa para nós. Esperávamos uma correção também em relação ao early stage, mas vimos que não”, diz Araújo. Para ele, os fundos continuam investindo, mas os critérios mudaram.

“Hoje, cobra-se do empreendedor um comportamento que não era cobrado. Não basta crescer incisivamente, tem de ser de forma sustentável”, afirma. Ele diz esperar que as startups levem mais tempo — até 24 meses — para captar rodadas, já que os investidores parecem muito mais criteriosos.

Com relação aos fundos, o estudo mostra que, no estágio seed, os investidores mais ativos foram Bossa Nova, com 39 deals, seguida por DOMO Invest (10) e Norte Ventures (7). Em early stage, os destaques são Valor Capital Group (7), Kaszek Ventures (6) e Softbank (6). Por fim, a partir da Série C, aparecem Softbank (3), Valor Capital Group (2), VEF (2) e QED Investors (2).

No que diz respeito a M&As, o perfil dos compradores também mudou. No primeiro semestre de 2021, 40,7% das aquisições foram feitas por startups. Neste ano, o número subiu para 50% do total. Depois vêm “Outros”, com 27,27%, e “Corporação” com 22,7%… leia mais em PEGN 06/07/2022