Em entrevista ao NeoFeed, Gilson Finkelsztain, CEO da B3, diz que espera um volume recorde de captações em 2021, conta como enfrenta a competição com as bolsas dos EUA e acredita que a onda tech veio para ficar no Brasil

Nesta semana, a empresa de fidelidade Dotz tentou abrir o capital e não conseguiu mesmo tendo atraído para a sua oferta nomes estrelados como Softbank, Ant Group (a fintech chinesa controlada pelo Alibaba, de Jack Ma), Velt Partners e Farallon. Sem preencher o booking, a companhia optou por uma oferta restrita que deve acontecer nos próximos meses.

Entre abril e maio, outras empresas tiveram o mesmo destino que a Dotz. Mais de 30 companhias desistiram de abrir o capital. Aquelas que resolveram seguir com a oferta tiveram que dar descontos aos investidores para se tornarem públicas, em um claro sinal de que as condições de mercado se deterioram no segundo trimestre deste ano.

Esse é um contraste com os três primeiros meses do 2021, quando 22 operações captaram quase R$ 32 bilhões, um desempenho considerado fora do normal até mesmo por Gilson Finkelsztain, o CEO da B3.

“Foi uma primeira janela fantástica”, diz Finkelsztain, em entrevista ao NeoFeed. “A segunda, que termina nas próximas semanas, foi mais complexa. Ela pegou uma retomada dos números de Covid, com aumento de internações e mortes, e algumas medidas de fechamento da economia. Teve também muito ruído político.”

Mas nada disso tirou o seu otimismo. Finkelsztain acredita que muitas das empresas que postergaram o IPO agora devam voltar ao mercado nos próximos meses, o que fará com que as captações batam recorde em 2021.

“O número que escuto no mercado é que entre 20 e 30 empresas ainda vão fazer o IPO”, afirma Finkelsztain. “No ano passado, a captação somou quase R$ 118 bilhões. Esse ano vai ser maior porque vamos ter alguns follow ons.”Nesta entrevista, Finkelsztain fala sobre a tendência de IPOs tech, a competição com Nyse e Nasdaq e sobre a maturidade do investidor brasileiro para investir em empresas de crescimento acelerado, mas deficitárias. E conta a estratégia da B3 para fazer com que as companhias brasileiras não optem por listar suas ações fora do Brasil.

“Agora que a dupla listagem é permitida, a tendência dessas empresas é seguir esse caminho”, diz Finkelsztain. “É isso que vamos perseguir: mostrar para as empresas que talvez o melhor dos mundos seja fazer uma listagem lá fora concomitante com uma listagem aqui.” Confira os principais trechos da entrevista concedida ao NeoFeed:

O ano começou movimentado. No primeiro trimestre, houve 22 ofertas e IPOs, que movimentaram quase R$ 32 bilhões. Mas, depois disso, o mercado esfriou. A janela de IPOs não fechou, mas ficou mais restritiva. Como você prevê que será 2021?

Foi uma primeira janela fantástica, quando você compara com anos anteriores, em que era praticamente inexistente. A segunda janela, que termina nas próximas semanas, foi mais complexa. Ela pegou uma retomada dos números de Covid, com aumento de internações e mortes, e algumas medidas de fechamento da economia. Teve também muito ruído político, principalmente com a dificuldade de aprovação do orçamento. E obviamente uma agenda de antecipação das eleições de 2022, por conta do STF, que decidiu retroceder um pouco as condenações e os processos referentes ao Lula. A combinação desses fatores gerou uma volatilidade que o mercado não esperava e realmente fez com que algumas empresas postergassem a captação ou tivessem que flexibilizar um pouco o preço para sair… Leia mais em neofeed 14/05/2021