O mercado de capitais brasileiro viveu um verdadeiro boom de IPOs (Oferta Pública Inicial) entre 2020 e 2021. Ao todo, 73 companhias fizeram sua estreia na bolsa.

Porém, no ano de 2022 o cenário tem sido totalmente contrário. Foram registradas diversas desistências.

Até agosto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) havia registrado um total de 25 desistências de ofertas primárias. Entre as empresas que abriram mão estão companhias como Madero, CSN Cimentos, Companhia Riograndense de Saneamento, Vix Logística, BMRV Participações, Capitalys Companhia de Crédito, Ammo Varejo, Monte Rodovias, Dori Alimentos, Environmental ESG, Vero, Cencosud, Holding Verzani & Sandrini, entre outras.

Até setembro, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), somente duas empresas ainda constavam com IPOs em análise: SBPar Participações e BRK Ambiental.

É praticamente um consenso na Faria Lima que, próximo da chegada do último trimestre do ano, 2022 termine sem nenhuma oferta inicial de ações realizada.

IPOs: veja a situação do mercado em 2022

O que motiva o cenário ruim para os IPOs são as incertezas. Primeiro, as dificuldades da retomada pós-Covid; depois, o cenário que se formou após o começo da guerra na Ucrânia, que elevou o preço das commodities e trouxe ainda mais apreensão ao mercado. A escalada dos juros também dificultou o desempenho da renda variável, com muitas empresas alegando preferir esperar momento mais oportuno.

O Nubank (NUBR33), empresa brasileira, abriu seu capital neste ano, mas em Nova York, com BDRs negociados na B3 (B3SA3) até setembro. O banco digital chegou ao mercado avaliado em mais de US$ 41,5 bilhões, cravando o maior valor de mercado entre os bancos listados da América Latina.

No entanto, em 16 de setembro, o banco digital informou que deixou de ser listado na B3, a bolsa brasileira, e passou a operar somente na bolsa de Nova York (NYSE).

O movimento se dá nove meses após a fintech promover sua oferta pública inicial (IPO) para ingressar justamente no Ibovespa. A operação gerou burburinho no mercado, sugerindo aos investidores que poderia inclusive deixar suas operações no Brasil, o que foi negado pela empresa posteriormente.

Acontece que o banco digital pretende reestruturar seu programa de BDRs e, assim, justifica sua saída do Nível I da B3 para o Nível III.

Com a iniciativa, o Nubank diz ampliar a eficiência e minimizar os impactos relacionados à sua presença em duas bolsas distintas. Ou seja, quer cortar custos.

O caso da GetNet também é emblemático das dificuldades enfrentadas pelo mercado em 2022. A empresa, que fez seu IPO há exatamente um ano, informou no meio de junho que considerava a hipótese de voltar a fechar seu capital, dando início a um processo de oferta pública de cancelamento de registro no Brasil e uma oferta de deslistagem nos Estados Unidos.

A operação inclui a realização de uma Oferta de Pública de Aquisição de ações (OPA), na qual a companhia poderá adquirir a totalidade das ações ordinárias (ON), preferenciais (PN), além das Units da empresa.

No Estados Unidos, será feita a mesma operação, mas de aquisição de American Depositary Shares, cada um representando duas Units (ADSs), negociados na Nasdaq………... leia mais em Eu Quero Investir 25/09/2022