A Itaú Asset acaba de fechar uma parceria com a Algarve Capital para a criação de fundos de special situations focados 100% em legal claims – a primeira incursão da maior gestora privada do Brasil num nicho cada vez mais relevante dos investimentos alternativos.

Num primeiro momento, a parceria envolve apenas a co-gestão dos fundos e a distribuição nos canais do Itaú, sem nenhum aporte no equity da gestora ou seed money, como acontece nas transações do fundo Rising Stars.

Mas o banco também ganhou uma opção para comprar uma participação minoritária na Algarve no médio prazo.

Fundada no ano passado por dois advogados especializados em legal claims, a Algarve já investiu R$ 500 milhões em ativos deste tipo, incluindo precatórios federais e ações judiciais já ganhas de empresas com entes do Estado e outras companhias.

Boa parte das transações da gestora foram feitas por club deals. Ela levantou apenas um fundo de R$ 50 milhões para comprar ações de menor valor (small claims).

Itaú Asset entra em ‘legal claims’

Com a parceria com o Itaú, a meta é levantar um primeiro fundo até o final do ano com cerca de R$ 400 milhões em ativos.

A gestora já tem um pipeline de ativos de R$ 700 milhões, mas “achamos que é importante começar sem querer abraçar o mundo,” Sérgio Goldstein, o head de crédito estruturado da Itaú Asset, disse ao Brazil Journal. “Esse tamanho já permite diversificar bastante o risco e trabalhar muito bem os recursos.”

O prazo do fundo será de 10 anos, e a Algarve vai buscar ativos que deem um retorno entre IPCA + 15% e IPCA + 30%. O fundo pretende devolver capital aos cotistas ao longo do tempo.

A Algarve é fruto da experiência de décadas de Daniel Cardoso e David Norgren com legal claims. Daniel foi sócio do Dias Souza Advogados antes de se tornar sócio da Gávea Jus, uma gestora de ativos judiciais originalmente ligada à Gávea Investimentos.

Já David foi sócio do Ulhôa Canto, Rezende e Guerra e do Oliverio, Dal Fabbro e Norgren, e depois foi o head de special situations da Iron Capital, uma gestora de São Paulo focada em real estate e special situations.

David disse que a ideia com o novo fundo não é fazer apenas o “beabá de legal claims”, que é comprar precatórios federais já expedidos e esperar o dinheiro entrar… leia mais em Brazil Jounal 22/07/2022