O tribunal arbitral que decidirá sobre a validade da venda da Itambé pela Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) à Lactalis concedeu uma antecipação de tutela (espécie de liminar) favorável à empresa francesa na disputa com a Vigor – que pertence à mexicana Lala -, segundo apurou o Valor.

A liminar em favor da Lactalis não é definitiva e uma decisão final deverá ser tomada no segundo semestre deste ano. Contudo, sinaliza a tendência de um desfecho favorável à empresa francesa.

A decisão permite que a Lactalis adote algumas medidas na Itambé, porém com salvaguardas até uma posição final, segundo fonte próxima ao caso. Mas cabe recurso e a tendência é que a Vigor caminhe nessa direção.

Dessa forma, a Lactalis pode, por exemplo, avaliar as sinergias que poderão ser feitas entre as duas empresas — caso a compra seja definitivamente autorizada -, o que já é um bom adianto tendo em vista que já se passou mais de um ano do negócio.

Trata-se de mais um capítulo de uma longa batalha envolvendo as empresas. O desacordo teve início em 2017, depois que a Vigor – que pertencia ao grupo J&F – foi vendida para a mexicana Lala, por R$ 5,7 bilhões, em meio aos problemas gerados pela delação do controlador da holding, Joesley Batista, no âmbito da Lava Jato.

Em 2013, a Vigor adquiriu 50% da Itambé da CCPR, por R$ 410 milhões e o acordo de acionistas previa que a cooperativa tinha preferência na recompra dessa fatia em caso de venda da Vigor.

A CCPR optou por exercer esse direito, retomando o laticínio em 4 de dezembro de 2017. No dia seguinte, porém, anunciou a venda da Itambé à Lactalis, o que transformaria a francesa na líder em captação de leite no Brasil.

Para a Vigor, o acordo de acionistas foi descumprido, pois previa que era proibida a venda da Itambé para uma terceira empresa que fosse concorrente, como é caso da multinacional francesa.

A Vigor também defende que não foi respeitado o acordo de confidencialidade (NDA) em que Lactalis e outras empresas assinaram com a J&F quando fizeram propostas de compra pela Vigor, em meados de 2017. Pelo contrato, as empresas teriam de ficar dois anos sem negociar com a Itambé.

A CCPR afirmou, na ocasião, que a venda à Lactalis não descumpriu o acordo de acionistas, uma vez que este teria se encerrado quando a central voltou a controlar a Itambé. Procuradas pela reportagem, as empresas não se manifestaram. Por Marcela Caetano | De São Paulo Fonte : Valor Leia mais em alfonsin 01/04/2019