A situação econômica do setor de proteína animal e o processo de reestruturação da Cooperativa Languiru têm sido pauta recorrente na região, seja em veículos de comunicação, ou em rodas de conversa informal. O grande impacto econômico e social da cooperativa motiva a preocupação e o interesse em torno do tema.

A informação mais recente dá conta de que a Languiru tem buscado renegociar dívidas com credores bancários. Um documento enviado às instituições, assinado pelo presidente Dirceu Bayer, e pelo superintendente Administrativo, Comercial e Financeiro, Rafael Lagemann, tornou-se público após vazamento.

Conforme os dados, no setor de aves, o prejuízo em 2021 foi de R$ 40 milhões, até novembro de 2022, R$ 52 milhões, somando R$ 92 milhões. Nos suínos, em 2021 foram R$ 50 milhões, e até novembro de 2022, R$ 132 milhões. Juntos, os dois setores somam prejuízo de R$ 274 milhões.

Além disso, na carta, admite-se que os R$ 300 milhões de investimentos feitos nos últimos cinco anos, não tiveram o retorno esperado, o que contribuiu para o endividamento.

Languiru busca meios de negociar dívidas e avalia venda de ativos

Informações não oficiais, dizem que a dívida, só com as instituições financeiras seria de R$ 826,8 milhões, somando a outras com fornecedores e prestadores de serviços, giraria em mais de R$ 1 bilhão. Fontes ligadas a cooperativa, alegam que o valor não condiz com a realidade.

Um diagnóstico da situação da cooperativa foi realizado pela empresa Bateleur, e concluiu a necessidade de “imediata e ampla reestruturação do endividamento junto aos credores financeiros”. O relatório aponta também a necessidade de venda de ativos. Assim, conclui-se que é imprescindível buscar associação com outras cooperativas para a manutenção dos serviços de aves e suínos, ou então vender integralmente as duas indústrias. Com a venda, espera-se arrecadar até R$ 300 milhões, que seriam usados para reduzir as dívidas e custo financeiro.

Com isso, a cooperativa pretende chegar a “patamar factível de realizar os pagamentos”. Assim, propõe aos credores algumas condições que ajudariam a saldar a dívida: 1) reprogramação do saldo atual das operações, com pagamento em sete anos, sendo dois de carência e pagamentos em cinco; 2) encargos incidentes pagos, nos períodos previstos, a partir do quarto mês a partir desta data; 3) garantias hoje existentes permanecem integralmente, mas não há disponibilidade para novas agregações; e 4) taxas de juros permanecem as atuais se inferiores a CDI+3% aa.

No documento, afirma ainda que até o momento, os pagamentos junto aos bancos estavam em dia. Porém, sem Caixa e com pagamentos atrasados para fornecedores e prestadores de serviços, não há possibilidade de efetuar os pagamentos aos credores financeiros “até a entrada de recursos via associação ou venda de ativos”.

As informações dão conta que cerca de 80% da dívida da cooperativa está concentrada no Banco do Brasil, Sicredi, Banrisul e Sicoob. O restante está distribuído entre alguns fundos de investimentos… leia mais em Folha Poppular 04/03/2023