Leilão de aeroportos arrecada R$ 2,72 bilhões em outorgas
O leilão da sétima rodada de concessões aeroportuárias, realizado na quinta-feira (17), terminou com uma outorga total de R$ 2,7 bilhões. Os três blocos licitados foram conquistados pela espanhola Aena, o consórcio da Socicam, e a XP Asset.
O principal bloco da licitação — que conta com o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e outros dez terminais, no Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Pará — foi arrematado pela espanhola Aena, que, mesmo sem concorrentes, fez oferta de R$ 2,45 bilhões, o que representa um ágio de 231,02%.
Além deste pagamento inicial, estão previstas outorgas variáveis ao longo do contrato equivalentes a um percentual da receita bruta, que chegará a 16,15% a partir do nono ano da concessão.
Estão previstos R$ 5,9 bilhões de investimentos (capex) no bloco, em uma concessão de 30 anos. Segundo os estudos de viabilidade, a previsão de movimentação de passageiros no bloco em 2023 é de 24,7 milhões. Em 2052, a projeção é que o fluxo chegue a 37,5 milhões de passageiros.
Além de Congonhas, o lote inclui os aeroportos de Campo Grande (MS), Corumbá (MS), Ponta Porã (MS), Santarém (PA), Marabá (PA), Parauapebas (PA), Altamira (PA), Uberlândia (MG), Uberaba (MG) e Montes Claros (MG).
A Aena fez sua estreia no mercado brasileiro ao vencer o leilão de seis aeroportos no Nordeste do país, em 2019 – à época, em um leilão com disputa acirrada. Hoje, a companhia opera terminais em Recife, Maceió, João Pessoa, Aracaju, Juazeiro do Norte (CE) e Campina Grande (PB). A companhia planeja chegar a uma cifra de investimento de R$ 1,4 bilhão até o fim do de 2023 nesses ativos. Globalmente, o grupo opera 46 aeroportos na Espanha (entre eles, Barajas, em Madrid), um no Reino Unido (Londres-Luton), 12 no México, dois na Colômbia e dois na Jamaica.
A operadora é controlada pelo governo espanhol, que detém 51% das ações. As demais 49% são negociadas em Bolsa.
Entrada da XP Asset no setor aeroportuário
Já no bloco de aviação executiva, o vencedor foi o fundo XP Infra IV FIP em Infraestrutura que leva os aeroportos de Campo de Marte, em São Paulo, e Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. O grupo, que foi o único interessado, fez uma oferta de R$ 141,4 milhões de outorga fixa, o valor mínimo previsto em edital.
O movimento marca a entrada da XP Asset no setor. A gestora firmou parceria com a francesa Egis, que já tem uma experiência – não muito positiva – no mercado de concessões de aeroportos no Brasil. A empresa detém uma fatia de 2,94% na Aeroportos Brasil Viracopos, que controla o aeroporto de Campinas (SP), ao lado da Triunfo e da UTC. Hoje, o contrato está em um processo de devolução turbulento. Em janeiro neste ano, o grupo francês teve a entrada do fundo Tikehau Capital, hoje com 40% das ações. A estatal Caisse des Dépôts, que antes detinha o controle da empresa passou a uma participação de 34%. Os demais 26% estão com executivos e funcionários.
A gestora prevê o aumento de demanda nos terminais e planeja ampliar as receitas por meio da exploração imobiliária, afirmou Túlio Machado, que comanda a área de Infraestrutura da XP Asset.
“É notorio que a vocação dos terminais passa não somente pelas receitas tarifárias. Há um potencial grande, por serem regiões nobres, de ‘real state’”, disse.
“É previsto que Congonhas faça uma expansão onde estão os terminais de aviação executiva, então há uma possibilidade de capturar parte dessa aviação executiva. Parte dessa participação vai para o Campo de Marte. E, pelo tamanho do sítio aeroportuário, vamos explorar receitas imobiliárias, há um potencial bastante relevante”, afirmou.
Em Jacarepaguá, também há intenção de ampliar a expansão imobiliária. Além disso, Machado vê um potencial de aumento de receitas decorrentes da expansão do setor de óleo e gás na região. “Hoje grande parte da receita vem de helicópteros, tem exploração do pré-sal e o aeroporto mais próximo é Jacarepagua”, disse.
Bloco do Norte é o único que teve concorrência
O único bloco que teve concorrência foi o do Norte, que inclui os aeroportos de Belém e Macapá e prevê investimentos de R$ 875 milhões em obras. O Consórcio Novo Norte (Socicam e Dix Empreendimentos) venceu a disputa, após uma longa disputa por lances em viva-voz. A empresa ofereceu uma outorga de R$ 125 milhões, o que representa um prêmio de 119,78% em relação ao valor mínimo definido em edital.
A companhia superou a proposta da Vinci Airports, que, após o viva-voz, terminou com uma oferta de R$ 115 milhões, ágio de 102,19%.
O contrato, de 30 anos, prevê investimentos (capex) de R$ 875 milhões. Além da outorga fixa inicial oferecida no leilão, haverá o pagamento de outorgas variáveis a partir do quinto ano de concessão. O percentual chegará a 7,09% a partir do nono ano do contrato.
A previsão para 2023 é de uma movimentação de 4 milhões de passageiros nos aeroportos do bloco. Em 2052, a expectativa é que o fluxo chegue a 9 milhões, segundo os estudos de viabilidade.
A Socicam, que opera terminais rodoviários, passou a operar aeroportos de menor porte nos últimos anos e hoje já é responsável por 24 terminais no país, em sete estados. A pernambucana Dix Empreendimentos já atua em parceria com a Socicam na concessão de 11 aeroportos regionais em São Paulo, conquistada em leilão no ano passado… leia mais em Valor Econômico 18/08/2022