Criada para gerir frotas de caminhões e financiar a compra dos veículos por caminhoneiros nos Estados Unidos, a Billor está ganhando um reforço para expandir as operações. O Grupo Leste acaba de entrar como acionista minoritário e está disponibilizando também uma linha de crédito de US$ 335 milhões para a expansão da frota da companhia.

Fundada em Orlando há cerca de dois anos pelo catarinense Jardel Cardoso, a Billor trabalha com um sistema integrado de gestão de cargas usando inteligência artificial, desde o financiamento da compra dos veículos, estrutura para contratação do frete, suporte para manutenção dos veículos, pagamento até a oferta de crédito.

Cardoso replicou a ideia que já implementou em outros segmentos – ele é fundador da Versi, fintech para incorporadoras imobiliárias, e da CredPago, empresa de operações de aluguel sem fiança que foi vendida para a Loft em 2021 por R$ 3,2 bilhões.

“A ideia inicial era levar a Versi para os Estados Unidos mas, chegando lá, nos deparamos com o tamanho do mercado de transportadora de cargas nos Estados Unidos, que gera mais de US$ 1 trilhão em faturamento e ainda é muito pulverizado”, conta Cardoso, presidente do conselho da Billor. “95% das transportadoras têm menos de 10 caminhões e vimos uma oportunidade para replicar a tese de crédito.”

A companhia, que começou com dinheiro dos sócios e de investidores-anjo como Laércio Cosentino, fundador da Totvs, saiu de um faturamento de US$ 10,5 milhões em 2023, para US$ 40 milhões em 2024, com lucro já nos primeiros dois anos. A meta ambiciosa é atingir um faturamento de US$ 1,5 bilhão e um lucro de US$ 300 milhões em 2028 para levar a empresa para uma abertura de capital nos Estados Unidos, adianta Cardoso.

Para isso, a Billor, pretende usar os US$ 335 milhões de funding disponibilizado pela Leste, que serão captados junto a investidores americanos e brasileiros, para aumentar a frota de caminhões de 245 para 700 a 800 veículos já no fim de 2025.

A Billor, cujo nome faz referência a Bill of Rights, Carta de Direitos americana, compra caminhões seminovos, com dois a três anos de uso, e vende para os caminhoneiros em modelo de leasing pelo prazo de 48 meses com parcelas mensais de US$ 3 mil. Como faz a gestão do pagamento dos corretores das cargas para os caminhoneiros, a Billor já desconta todos os custos do valor a pagar, como seguro, taxa de serviço de 15% sobre o valor da carga e a parcela do crédito.

“Os caminhoneiros chegam a ganhar até 50% a mais nesse modelo mesmo com os descontos, e, como fazemos o desconto do leasing direto do pagamento não temos problema com inadimplência”, diz Cardoso.

No modelo anterior, a companhia, que tem como CEO Vincent Goetten, ex-diretor executivo do Totvs Labs nos Estados Unidos, vendia esses contratos de leasing para investidores. A proposta com a entrada da Leste é reunir esses recebíveis em uma única empresa, que emitirá um título de dívida que poderá ser comprado por investidores pagando retorno de 8% a 12% em dólar.

“É um modelo de uma solução estruturada em que o investidor terá um risco pulverizado de vários contratos e garantias sólidas com cobertura alta do crédito dada pelo veículos”, diz Fabricio Bossle, sócio de private equity do Grupo Leste. Os investidores também terão a possibilidade de participar de uma rodada pré-IPO da Billor. “É uma oportunidade de investir em uma empresa de alto crescimento com desconto”, conta.

Cardoso afirma que as transportadoras listadas nos Estados Unidos negociam a um múltiplo de cerca de 30 vezes o lucro líquido, enquanto o P/L das fintechs está em 50 vezes e das empresas de tecnologia chega a 80 vezes. “A Billor reúne as três verticais, somos uma fintech que usa tecnologia para fazer a gestão de frota”, diz… leia mais em PIpeline 30/01/2025