Depois do recorde de ofertas de ações (IPO, na sigla em inglês) entre 2019 e 2021, várias empresas estão órfãs na bolsa agora. Neste grupo, estão particularmente empresas menores, de baixa receita e até sem lucro, mas que acabaram listadas com promessas de alto crescimento.

GetNinjas, Espaçolaser e Enjoei são algumas das companhias que viram fundos que sustentaram suas ofertas desmontarem posições diante da mudança de percepção global de risco. Tais saídas pesaram nas cotações de suas ações e tiraram bilhões de seus valores de mercado. Recompra de ações ou rearranjo de seus negócios são alguns dos caminhos buscados para evitar queima de caixa e piora na percepção do mercado para seus negócios.

Valor de mercado da Getninjas passou de RS$ 1 bilhão para R$ 164 milhões

A Getninjas estreou na B3 em maio do ano passado, valendo mais de R$ 1 bilhão. Na oferta, levantou pouco mais de R$ 500 milhões. Para garantir a operação, que ocorreu em uma semana de turbulência em que outras estreantes desistiram de levar à frente suas emissões, chegou ancorada por fundos como Verde, Miles e Indie Capital. O fundo Miles vendeu sua fatia no fim do ano passado e, ao lado da saída do Tiger Capital, fundo de venture capital que vinha apoiando o nascimento da empresa, contribuiu para perdas que chegam a 83% de suas ações em 12 meses. Hoje, a Getninjas tem seu valor de mercado em R$ 164 milhões.

“Empresas de small caps, como a nossa e outras, sofrem mais com saídas de acionistas mais relevantes”, conta o presidente e fundador da GetNinjas, Eduardo L’Hottelier. Segundo ele, a Miles Capital, que tinha uma fatia de cerca de 6% na sua empresa, vendeu a participação por conta de mudanças de estratégia e por conta de resgates. “Essa venda, em momento de poucos compradores, comprimiu a ação”, acrescenta. No caso da Tiger, a venda já era esperada por conta do amadurecimento do investimento, segundo L’Hottelier.

levadas à Bolsa no boom dos IPOs

Avaliada em R$ 4,35 bi em 2021, Espaçolaser agora vale R$ 544 milhões

A Espaçolaser é outro caso que tem chamado a atenção do mercado. A estreia na bolsa foi em fevereiro do ano passado, avaliada em R$ 4,35 bilhões, e movimentando R$ 2,6 bilhões. Agora vale R$ 544 milhões, reflexo de queda de 87% de suas ações. O impacto veio do cenário macroeconômico adverso, que prejudicou as margens da companhia e provocou adaptações em seu plano de expansão. A queda, porém, não veio apenas das linhas do balanço que não convenceram. Passada a euforia com os IPOs, vários fundos de investimento reduziram posições em varejo e consumo, mais sensíveis à alta da inflação e dos juros…. leia mais em Estadão 21/06/2022