Livraria da Vila, que tinha perfil de loja de rua, quer demarcar território nos grandes centros comerciais de SP

Setor se expande no Brasil no embalo do aumento da renda, enquanto grandes redes fecham lojas nos EUA

O mercado livreiro trava uma disputa acirrada pelos consumidores de maior poder aquisitivo nos grandes shoppings de São Paulo -em lojas espaçosas com cafés e atividades culturais.

A Livraria da Vila, que até 2007 se manteve longe do segmento considerado mais comercial, inaugura, amanhã, uma mega unidade no Shopping Pátio Higienópolis, bairro nobre de São Paulo.

É uma loja de 800 m² que vai competir com a “megastore” da Saraiva instalada no local. A Livraria da Vila não revela o investimento.

“Queremos aproveitar o maior fluxo de pessoas dos shoppings. Muitos consumidores vão a esses locais para outras atividades e acabam entrando nas livrarias”, afirma Samuel Seibel, proprietário da Livraria da Vila.

Na avaliação do empresário, existe espaço, sim, para duas grandes livrarias em um mesmo shopping. “Acredito que o mercado vai aumentar e nossa entrada atrairá um público interessado em um novo ambiente”, diz.

Marcílio Pousada, diretor-presidente da Saraiva, tem opinião diferente.

“Todo grande shopping precisa de uma livraria. Não vi um local desses com duas mega lojas. Creio que o desafio maior seja de quem chega agora, já que nós temos experiência com lojas de grande porte desde 1996.”

A mega loja da Saraiva aberta naquele ano no Shopping Eldorado, também em São Paulo, foi a primeira nesse formato no país.

Depois, Cultura e Livraria da Vila adotaram a fórmula. Hoje, a Cultura processa a Saraiva, argumentando que a concorrente, ao abrir uma loja em um shopping em Manaus, capital do Amazonas, copiou conceitos e soluções arquitetônicas da Cultura.

“Já pegamos até funcionários da concorrência medindo nossas prateleiras”, afirma Sérgio Herz, presidente da Livraria Cultura.

Pousada, da Saraiva, rebate. “Nós não fizemos nada errado e estamos na Justiça, que decidirá.”

CRISE NOS EUA

Lojas mais atrativas foram a saída das livrarias brasileiras para competir com as vendas pela internet.

Nos Estados Unidos, o cenário é outro. As empresas têm enfrentado dificuldades. A Borders, segunda maior rede de livrarias norte-americana, fechou 226 das 625 lojas em fevereiro; o restante termina em setembro.

Fonte:FolhadeSP17/08/2011