De acordo com um comunicado dos credores divulgado na segunda-feira, 21 de fevereiro, a Shandong Ruyi não tem meios para pagar o empréstimo da Lycra desde maio de 2019. Os credores incluem a China Everbright Limited, com sede em Hong Kong, e a Tor Investment Management, assim como a empresa de private equity Lindeman Partners, com sede em Seul, e a sua subsidiária Lindeman Asia.

A declaração dos credores não surpreende. O Shandong Ruyi Technology Group, que tinha ambições de se tornar um grupo comparável aos gigantes europeus do luxo, multiplicou aquisições para estabelecer o seu império, garantindo no processo o apoio estratégico do banco DBS. Mas, os desempenhos inferiores multiplicaram-se, e a dívida cresceu.

Agora, os credores indicam ter tomado medidas para assumir o controlo total da Lycra. Medidas que incluem a nomeação de administradores judiciais para os ativos da empresa matriz da Lycra. A Shandong Ruyi e a Lycra ainda não reagiram a estes anúncios.

Leia também demais posts relacionados a Vestuário no Portal Fusões & Aquisições.

Lycra: credores da Shandong Ruyi

A Ruyi havia comprado à Koch Industries (empresa matriz da Invista), por 2,6 mil milhões de dólares, as marcas Lycra, Lycra Hyfit, Coolmax, Thermolite, Elasspan, Supplex, Tactel e Terathane, unidas sob a estrutura The Lycra Company criada para a ocasião. A operação incluiu oito fábricas, quatro laboratórios de I&D e 17 escritórios, distribuídos por um total de 14 países e empregando cerca de 3 mil pessoas.

“A Ruyi tem um histórico claro”, explicava Yafu Qiu, então presidente do conselho da Shandong Ruyi Investment Holding. “Os ativos e tecnologias de classe mundial da Invista, combinados com as suas marcas líderes reconhecidas pelos consumidores, gerarão grandes sinergias com as atividades da Ruyi no setor do têxtil e vestuário.”

A Reuters informou já em 2020 que alguns dos credores da Ruyi haviam contratado um especialista em reestruturação para sondar potenciais compradores da Lycra após o fabricante do material elástico homónimo ter visto o seu desempenho financeiro enfraquecer, por receio de falta de pagamento do empréstimo. No entanto, nenhum acordo se concretizou e a Ruyi decidiu procurar outros meios de resgate.

No final de 2021, o grupo Ruyi perdeu o controlo da SMCP (Sandro, Maje, Claudie Pierlot), da qual se tornou acionista maioritário em 2016 através do seu veículo europeu Topsoho. As marcas Gieves & Hawkes, Kent & Curwen e Cerruti viram ser liquidada a sua empresa matriz, a Trinity Limited, uma filial da Ruyi. Aquascutum, Renow, Nogara, Bagir…Nos últimos dez anos, as aquisições multiplicaram-se, com planos inclusive de adquirir a Bally, mas também a Topshop ao grupo Arcadia em 2018… leia mais em FashionNetwork 24/02/2022