O grupo Manserv está conseguindo cumprir à risca a meta traçada desde a entrada de seu presidente, Murilo Sampaio, há quase 10 anos: dobrar o faturamento a cada três anos.

 Após um crescimento de 24% de 2010 para 2011, quando o faturamento bruto se aproximou dos R$ 930 milhões, o montante deve ganhar um novo dígito e atingir R$ 1,15 bilhão neste ano. A partir deste momento, contudo, diante do maior porte da empresa, a missão de defender uma expansão agressiva fica cada vez mais trabalhosa.

 No momento, a Manserv está em negociações para fazer uma joint venture com uma companhia alemã que combinaria as áreas de “facilities” e manutenção, mas excluiria o segmento logístico. Segundo Sampaio, foi a europeia que procurou a brasileira.

 Os planos com relação à área de logística também ganharam destaque no grupo. A ideia é tornar o setor o principal dentro do grupo. No primeiro trimestre a Manserv cresceu 20%, com esse segmento alcançando expansão duplicada, de 40%.

 O setor logístico é o caçula do grupo, com o começo das operações em 2000, o que explica em parte sua velocidade de crescimento. Enquanto a área de manutenção responde por quase 70% do faturamento da Manserv e a de “facilities” tem peso de 11,5%, a representação da logística corresponde a 18,7%.

 A expectativa, contudo, é elevar esse montante para 35% do total até 2015. O diretor geral da Manserv Logística, Henrique Bravo, já se diz inclusive cobrado para representar metade do faturamento do grupo no período.

 Com estratégia de dobrar faturamento a cada três anos, grupo deve alcançar seu primeiro bilhão em 2012 

“Esse é o primeiro ciclo, mas a ideia é a logística ter uma posição majoritária nos negócios”, diz Bravo. “Falta ainda sermos conhecidos no mercado. Estamos fazendo o caminho inverso de nossas concorrentes, querendo ser uma multinacional brasileira”.

 Em 2010, o segmento logístico cresceu 33% e, em 2011, se expandiu em 45%. Para este ano, a previsão é de alta de 50%, alcançando receita de R$ 300 milhões.

 Atualmente, o segmento encontra na logística “in house” (intralogística) sua principal fonte de receita, mas a Manserv também está interessada em desenvolver o serviço de transporte dedicado como atividade complementar. A empresa ainda está investindo R$ 70 milhões em um centro de distribuição de 40 mil m2 em São Paulo, o primeiro de sua propriedade, e que deve ser inaugurado até abril de 2013.

 Bravo conta que o foco neste ano é se expandir no Nordeste e nos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais e indica que a área portuária está em análise. “Temos interesse em ter um terminal portuário com alguma sociedade, que é obrigatória, ou uma atuação apenas retroportuária”, ressalta o executivo.

 Com clientes como Goodyear, Kimberly-Clark, Santher, Vale e Johnson & Johnson no portfólio, é na Petrobras que o grupo Manserv encontra sua maior geração de receita. A estatal, contudo, já foi uma fonte mais generosa no passado. Enquanto em 2007 a Petrobras representou 32% do faturamento da Manserv, em 2011, a participação caiu para 23%.

 “A Petrobras permanece nossa principal cliente, mas os contratos de longo prazo estão mais difíceis, nos tornamos mais conservadores, por conta do desbalanceamento entre custos reais e reajuste dos contratos”, comenta o presidente do grupo.

 Além disso, um plano antigo da Manserv está se concretizando apenas neste ano, com a abertura de um escritório em Buenos Aires, na Argentina, até agosto. A expansão internacional para Santiago, capital do Chile, faz parte de uma segunda etapa.

 Além das oportunidades na cena externa, a Manserv está revendo a estratégia de expansão orgânica, em meio a oportunidades de aquisições. Sampaio destaca que deve assinar um contrato em no máximo dois meses para efetuar a compra de uma empresa com sede no Sudeste. De acordo com o executivo, a Manserv tem espaço para se alavancar, diante da dívida pouco expressiva, em torno dos R$ 50 milhões.

 “A ideia de duplicar receita a cada três anos continua, mas não acredito que será de forma orgânica. Agora, ela traz a alternativa de compras e de sociedade com a empresa alemã a terem maior importância. Este novo ciclo leva a variável de associação a ganhar força”, diz Sampaio.

Por enquanto, uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) não está em discussão, ainda que o presidente garanta que o grupo tem sido assediado para entrar no mercado de capitais. A Manserv conta hoje com 17 mil funcionários. Em junho de 2011, foi criada uma nova frente de negócios, voltada para a área de energia. A SER (Sistema de Energia Renovável) é uma parceria com o grupo espanhol Assyce, na qual o controle (51%) pertence à companhia brasileira.

 A empresa voltada ao desenvolvimento de energia solar ainda não é operacional, mas já tem 10 projetos aprovados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A Manserv aguarda agora os primeiros leilões e, como cada projeto é uma sociedade de propósito específico (SPE), o grupo pode ter parceiros distintos para atuar. O foco da SER está voltado à região Nordeste. Por Beatriz Cutait Fonte:
Valor Econômico 14/05/2012