Fabricante americana de doces e ração para cães e gatos de marcas como Pedigree e Royal Canin, a Mars adquiriu 50% da rede brasileira de hospitais veterinários PetCare, em São Paulo. “O Brasil é a primeira operação fora dos Estados Unidos e Canadá. Estamos olhando também oportunidades em outros países”, disse Art Antin, um dos fundadores da VCA, empresa com 850 hospitais veterinários comprada pela Mars no ano passado, por US$ 9,1 bilhões.

A outra metade do capital da PetCare foi redistribuída entre os sócios brasileiros. Dessa fatia, 70% ficou com as gestoras de fundo de investimentos Trigger e Joá, do apresentador Luciano Huck, e dois investidores pessoa-física. A outra parte de 30% ficou com a fundadora da Pet Care, a veterinária Carla Berl que, em 2012, já havia vendido o controle do hospital veterinário para a Trigger.

Os investidores não estão de olho no mercado de animais de estimação à toa. Há cerca de 75 milhões de cães e gatos nos lares dos brasileiros, o que representa mais do que a população de 44 milhões de crianças até 14 anos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Brasil, há cerca de 20 mil clínicas e 550 hospitais veterinários que juntos movimentam entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões, segundo a PetCare.

Atualmente, a PetCare conta com quatro hospitais veterinários na capital paulista. Com a entrada da Mars, a meta é expandir a rede, principalmente, por meio de aquisições. “Em cinco anos, podemos ter entre 20 a 50 unidades. Essa quantia depende dos ativos que vamos adquirir”, disse Marcelo Berger, sócio da Trigger. “Até então, nosso crescimento era orgânico porque queríamos estabelecer padrões de atendimento e processos administrativos”, afirmou Claudio Peixoto, CEO da PetCare e sócio da Joá.

A partir de 2012, com a entrada da Trigger e abertura de novos hospitais, a PetCare mudou sua estratégia de atuação para evitar concorrência direta com as clínicas veterinárias. A rede se especializou em procedimentos de alta complexidade que demandam, por exemplo, máquinas de ressonância e radioterapia – os mesmo usados por pacientes humanos. A PetCare tem uma unidade de radioterapia construída com paredes com um metro e meio de espessura para evitar radiação, exigência padrão nas unidades convencionais.

“Os veterinários de bairro funcionam como um médico de família, eles fazem o acompanhamento de rotina e encaminham os casos mais complexos para nosso hospital. Metade da nossa receita vem dessas indicações” disse Carla. Ela explica que as consultas simples na PetCare têm um preço um pouco maior para evitar a concorrência com os consultórios de bairro. A PetCare realiza 40 mil consultas por ano, sendo que a predominância é para cães, no entanto, o mercado de gatos é o que mais cresce – em países desenvolvidos, o maior mercado é de gatos.

A rede de hospitais veterinários também está apostando em novos negócios como telemedicina para exames de imagem. A PetCare faz o laudo dos exames a distância para aqueles consultórios veterinários que possuem o equipamento, mas não têm especialistas para fazer o diagnóstico.Nilani Goettems/Valor Leia mais em gsnoticias 18/09/2018