As companhias do mercado varejista de beleza estão abertas a uma maior movimentação de fusões e aquisições no setor. É isso que diz a XP Investimentos, uma semana após a realização de sua 1ª Conferência sobre o mercado de beleza, com mais de 10 empresas brasileiras de diversos segmentos, tamanhos e posicionamentos no setor.

Em relatório elaborado Danielle Heiger, Head de Varejo da XP, e Gustavo Senady e Thiago Suedt, ambos analistas de Varejo da casa de investimentos, as marcas mais consolidadas do mercado de beleza estão em busca de complementar seus portfólios com produtos e serviços de diferentes categorias. Ao mesmo tempo, as companhias menores enxergam essas “parcerias estratégicas como uma maneira de escalar suas operações”.

Maior operação no setor de beleza no País foi a incorporação da Avon à Natura em 2020 – Foto: Reprodução

“A maior parte das empresas do setor só superou a marca de US$ 100 milhões (cerca de R$ 507 milhões, com a cotação atual do dólar) em receitas após se associar à um parceiro no varejo”, destacam os analistas.

Cenário macroeconômico é desafio para o setor

Uma das aquisições mais famosas no setor no Brasil foi concluída há pouco mais de dois anos, em janeiro de 2020, com a incorporação da Avon à Natura&Co. Com um ano de negócio, a companhia mais do que dobrou o seu valor de mercado e chegou a valer cerca de R$ 70 bilhões em ações no mercado. O movimento positivo foi observado até o último semestre de 2021, quando a empresa apresentou um lucro líquido de R$ 695,4 milhões.

No entanto, com a deterioração do cenário macroeconômico – inflação elevada e taxa de juros subindo numa tentativa de controlar a alta dos preços -, a Natura começou 2022 surpreendendo negativamente o mercado e, só no primeiro trimestre, já apresentou um prejuízo líquido de R$ 643,1 milhões, resultado quatro vezes pior que no mesmo período do ano passado. Atualmente, o valor de mercado da empresa é de R$ 20,6 bilhões.

A Natura é a única companhia brasileira do mercado de beleza listada na Bolsa de Valores. Entretanto, outras empresas também sentem os impactos da economia em seu crescimento. A XP destaca que, embora o desejo das marcas e a tendência do mercado seja de mais aquisições e fusões, o cenário macro ainda é um desafio para o crescimento de volume e rentabilidade.

“Embora o mercado de beleza esteja se recuperando com a retomada das atividades, ainda existem desafios para o crescimento do volumes de vendas, devido ao menor poder de compra da população, com expectativa que o mercado cresça 5% em 2022, principalmente impulsionado pelo aumento de preços; e inflação de custos, que deve impactar as margens das empresas. Como resultado, os consumidores estão em busca de marcas que ofereçam a melhor relação de custo-benefício.”

Tendências para o mercado de beleza

Na Conferência organizada pela XP, a principal tendência observada entre as marcas é a força do digital no mercado de beleza. Os analistas explicam que as redes sociais reduziram as barreiras de entrada do mercado, possibilitando a distribuição de produtos e serviços de forma virtual, além da forte presença do marketing digital. As empresas nativas digitais (DNVDs, na sigla em inglês) já representam de 3% a 5% do mercado e seguem crescendo.

Para os analistas, ser omnichannel é o caminho. “Apesar de diversas companhias terem nascido online, vimos um claro movimento para o canal físico, tanto através de lojas próprias/pop-ups ou outros varejistas (farmácias e lojas de departamento). Ainda assim, o e-commerce permanece como um canal importante, com todas as companhias vendo o digital como estratégico para um crescimento sustentável”, diz o relatório. Autora Bruna Miato Leia mais em maisretorno 17/06/2022