As mineradoras estão avaliando novas aquisições no México, apesar do aumento do risco político, já que os preços fracos geram oportunidades de compra no setor.

Empresas com minas e projetos no México afirmam que a experiência adquirida no país garantiu a elas uma vantagem competitiva que pretendem utilizar em possíveis operações de fusão e aquisição ou compra de ativos em um mercado de compradores.

A recente queda nos preços do ouro e da prata pressionou as ações de mineração, tornando-as possíveis alvos mais atrativos para aquisições.

Existem algumas oportunidades atraentes, considerando o valuation em todo o setor”, disse o vice-presidente de relações com investidores da Alamos Gold, Scott Parsons, durante o webinar John Tumazos Virtual Conference.

Porém, segundo ele, a empresa não está sob pressão para fechar um acordo, com a agenda já preenchida com a expansão da mina Island Gold e o desenvolvimento do projeto Lynn Lake, ambos no Canadá, enquanto a produção aumenta na mina La Yaqui Grande, parte do ativo Mulatos, no México (foto).

O ouro caiu abaixo de US$ 1.700/oz, depois de ser geralmente negociado na faixa de US$ 1.700-2.000/oz desde meados de 2020. A prata hoje está na faixa de US$ 18-20/oz, em comparação com US$ 22-30/oz durante grande parte dos últimos dois anos.

Mineradoras avaliam fusões e aquisições

DISPOSIÇÃO PARA CORRER RISCOS

As empresas com ativos existentes no México – o maior produtor de prata do mundo e maior minerador de ouro da América Latina – parecem mais dispostas a aceitar os riscos de operar sob o governo de esquerda do presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO).

AMLO tem sido um crítico aberto do histórico social, ambiental e tributário da indústria, e seu governo impôs uma moratória sobre novas concessões minerárias, além de adotar uma abordagem mais dura para o licenciamento ambiental – especialmente para projetos a céu aberto – e promover a nacionalização do lítio.

Algumas empresas com foco no crescimento, inclusive a Lundin Gold, com a mina Fruta del Norte, no Equador, descartaram aquisições no México.

Para a Alamos, o foco para potenciais acordos de M&A está nos países onde a companhia já possui ativos.

“Nós amamos o Canadá. É mais difícil encontrar ativos de alta qualidade a preços atrativos no Canadá, mas certamente estamos felizes em olhar para dentro da nossa presença atual no Canadá, EUA e México”, disse Parsons.

“Para buscarmos algo fora da América do Norte, a jurisdição teria de ser segura e a transação significativa o suficiente para considerarmos a entrada.”

JURISDIÇÃO DE PRIMEIRA LINHA

Em um voto de confiança recente no México, a Agnico Eagle Mines assinou um acordo de US$ 1,16 bilhão para adquirir uma participação de 50% no projeto de cobre e zinco San Nicolás, de US$ 842 milhões, da Teck Resources.

De acordo com o anúncio de setembro, a Agnico emitirá ações no valor de US$ 580 milhões para a Teck e investirá os primeiros US$ 580 milhões de capex em San Nicolás.

A Agnico, uma das maiores produtoras de ouro do México, com as minas Pinos Altos e La India, descreveu San Nicolás como um depósito de classe mundial em uma jurisdição de mineração de primeira linha.

Um conjunto de pelo menos sete ativos de mineração mudou de mãos no México nos últimos meses, em acordos com um valor combinado de US$ 323 milhões.

HISTÓRIA RICA

A Excellon Resources também está tentando conquistar um novo papel no México à medida que as operações em sua mina de prata, chumbo e zinco Platosa forem encerradas nas próximas semanas.

A força de trabalho da empresa operou sob condições difíceis em Platosa nos últimos 10 anos, implantando infraestrutura de bombeamento para enfrentar as condições úmidas e melhorar a segurança, lembrou o CEO Shawn Howarth na conferência Precious Metals Summit, em Beaver Creek, Colorado, no mês passado.

“Temos uma história rica de operação no México. Temos um conhecimento institucional que seria muito valioso em outros ativos no México e, portanto, seremos incansáveis na busca de novas oportunidades de M&A, especificamente para prata, para produção de curto prazo ou ativos de produção, para continuar aumentando esse portfólio no México”, disse ele.

VANTAGEM COMPETITIVA

A Endeavor Silver também está avaliando novos negócios no México e na América do Sul depois de adquirir o projeto de prata Pitarrilla da SSR Mining no início deste ano.

A empresa tem duas minas em operação no México, bem como os projetos Terronera e Parral.

“Acredito em economias de escala e, à medida que entramos em um mundo com mais regulamentações e prazos mais longos para colocar as minas em produção, temos de considerar a possibilidade de adicionar outros ativos produtores”, afirmou o CEO Dan Dickson à BNamericas no mês passado.

“Temos 1.300 funcionários no México. Já temos uma vantagem competitiva no país, com nossa infraestrutura atual”, acrescentou.

Embora o Chile tenha tido alguns problemas relacionados ao risco político, a Endeavor também gostaria de aproveitar sua força de trabalho mexicana em outros países da América do Sul, como Peru, Chile e Colômbia.

A CEO da Torex Gold, Jody Kuzenko, também planeja ampliar o crescimento por meio de aquisições, possivelmente no México.

“Não descartei o México. Nós mostramos que, se tudo for tratado corretamente e se acertarmos o componente social, é possível ganhar muito dinheiro lá”, disse ela à BNamericas em julho.

A empresa possui a mina El Limón-Guajes – seu único ativo produtor – e o projeto Media Luna no México… leia mais em Bnamericas 12/10/2022