O grupo Unipar e a holding J&F, dos irmãos Batista, donos da JBS, seguem interessadas na compra da Braskem. Ao contrário da proposta feita pela gestora americana Apollo e a Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc), que querem 100% da petroquímica, as duas companhias têm disposição de ficar com a Braskem, comprando a participação da Novonor (ex-Odebrecht) e mantendo a sociedade com a Petrobras.

A J&F trabalha com diferentes cenários e adotou postura “agnóstica” no sentido de que poderia compor com os demais interessados na Braskem, segundo duas fontes. Um dos modelos apresentados à Novonor em 2022 e que foi descartado pelos bancos credores foi a aquisição das dívidas nas mãos das instituições financeiras que têm ações da petroquímica como garantia. A operação não foi adiante porque a holding pediu pesados descontos aos bancos.

As negociações estão sendo conduzidas por uma equipe da J&F, coordenada pelo empresário Joesley Batista. Em um outro modelo apresentado, a antiga Odebrecht poderia ficar com pequena participação e se manter como operadora do negócio.

Na Braskem J&F e Unipar aceitam ser sócias da Petrobras

A Unipar também tem ao menos dois modelos para potencial operação: compra fatiada da petroquímica, que não agrada aos bancos credores, ou aquisição da totalidade dos ativos, com previsão de “remédio” para garantir o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

No caso da compra fatiada, o principal interesse recai sobre o Polo Petroquímico do ABC. Já instalada no polo, a Unipar poderia verticalizar as operações com a aquisição da central operada pela Braskem, que fornece matéria-prima para a empresa. Outros potenciais compradores poderiam participar da oferta, assumindo os demais ativos: a fábrica de polipropileno (PP) em Paulínia, as operações nos polos de Triunfo (RS), Duque de Caxias (RJ) e Camaçari (BA), Braskem Idesa no México e unidades de PP nos EUA e na Alemanha.

Já uma oferta por 100% da Braskem necessariamente teria de prever o desinvestimento do negócio de PVC. A Unipar se tornou a segunda maior produtora da resina no país, atrás da Braskem, com a compra da Solvay Indupa em 2016. Antes, a Braskem tentou comprar a Indupa, mas o Cade vetou o negócio. Segundo fonte próxima às tratativas, apesar dos problemas em Alagoas, que concentra a produção de PVC da Braskem, não seria muito difícil encontrar outros interessados nesse ativo.

Tanto Unipar quanto J&F não teriam restrições em ter a Petrobras como sócia no negócio. Segundo fontes a par do assunto, a estatal já teria indicado que não pretende mais se desfazer de sua participação. Dona de 47% das ações ON da Braskem, a petroleira tem preferência sobre as ações da Novonor.

A Braskem informou ontem que recebeu informações adicionais da Novonor acerca da proposta conjunta feita por Apollo e Adnoc, confirmando o preço de R$ 47 por ação. Deste valor, R$ 20 seriam pagos à vista em dinheiro, R$ 20 a partir da emissão, pelas compradoras, de um bônus perpétuo com taxa de 4% e cerca de R$ 7 em “warrants”. Pelos cálculos de fontes do mercado financeiro, considerando-se essa estrutura de pagamentos, o preço oferecido, a valor presente, corresponderia a algo entre R$ 24 e R$ 34, considerando-se a taxa de desconto aplicada.

Os bancos credores, que têm cerca de R$ 15 bilhões em ações em garantia, vão avaliar a proposta recebida por Apollo e Adnoc. Bradesco e Itaú, com maior exposição à dívida, estavam desalinhados no ano passado, quando somente a Apollo tinha proposta na mesa, segundo três fontes. A atenção volta… leia mais em Inteligência Financeira 11/05/2023