A Omie compra a Mintegra, solução que integra marketplaces e plataformas de e-commerce a sistemas de gestão. E promete novas aquisições na área de varejo. O CEO Marcelo Lombardo conta os planos com exclusividade ao NeoFeed

As empresas de tecnologia Linx e Totvs são duas rivais que protagonizam uma das principais batalhas empresariais de 2020.

De um lado, a Totvs quer comprar a Linx, que quer ser comprada pela Stone. Um capítulo importante dessa disputa acontece dia 17 de novembro, quando os acionistas da Linx vão ser reunir para decidir sobre a oferta da Stone, avaliada em R$ 6,5 bilhões.

Enquanto as duas brigam, uma rival bem menor, mas que tem o apoio de fundos de venture capital como Astella Investimentos e Riverwood Capital, que já investiram mais de R$ 100 milhões na startup, tem se movimentado discretamente para ir ganhando mercado desses dois gigantes.

É a Omie, startup que desenvolve um software de gestão na nuvem para pequenas e médias empresas fundada por Marcelo Lombardo e Rafael Olmos.

No meio da pandemia, a startup virou sua estratégia para atender companhias com faturamento até R$ 70 milhões. Atualmente, 35% da nova receita da Omie vêm dessas empresas. Antes, o foco era em empresas com receita de até R$ 10 milhões.

Agora, a Omie dá outro passo para competir com Linx e Totvs. Nesta sexta-feira, 13 de novembro, a startup está anunciando a primeira aquisição de sua história. Trata-se da Mintegra, uma companhia que desenvolve uma solução que integra sistemas de gestão com marketplaces e plataformas de e-commerce. O valor da transação não foi divulgado.

“É um movimento que estamos trabalhando há algum tempo”, afirmou Lombardo, com exclusividade ao NeoFeed. “Queremos explorar essa necessidade que todo mundo percebeu de ir para o comércio eletrônico.”

O software da Mintegra, como o próprio nome diz, integra marketplaces e lojas virtuais, automatizando fluxos de controle de estoque e geração de pedidos de vendas.

A solução se conecta com os marketplaces de Mercado Livre, Magazine Luiza, Amazon, B2W e Via Varejo. As plataformas de e-commerce Shopify, Magento, WooCommerce, Tray, LojaIntegrada e NuvemShop também se integram ao produto. “A empresa passará a ter uma visão única do estoque”, diz Lombardo. “É um posicionamento ominichannel, não importa se está vendendo pela loja online, caixa, televendas ou marketplace.”

Lombardo diz que esse é o primeiro passo para que a Omie comece a expandir a sua atuação. Fundada em 2013, a startup se concentrou desde então no desenvolvimento de uma solução de gestão na nuvem voltada a aspectos financeiros. Um dos públicos-alvos são os contadores.

A partir de agora, o empreendedor diz que fará novas aquisições para expandir as capacidades do produto. “O espírito não é o de adquirir clientes”, diz Lombardo. Ele exemplifica essa estratégia com a própria compra da Mintegra, que tem cerca de 500 clientes e mantinha uma parceria comercial com a Omie há dois anos. Atualmente, a Omie tem 50 mil clientes.

Sem dar muitas pistas dos próximos passos, Lombardo afirma que o foco das aquisições será na área de varejo. “De moda a food service, estamos olhando várias oportunidades”, afirma o fundador da Omie.

A Omie, até agora, tinha feito investimentos minoritários em duas startups: a ConferIR, dona de um software para contadores fazerem Imposto de Renda, e a GClick, um sistema de gestão de processos para escritórios de contabilidade.

A estratégia de compras pode abrir diversas avenidas de crescimento para a Omie. Esse modelo, inclusive, foi usado por Totvs e Linx para crescer. Ao longo do tempo, as duas empresas adquiriram dezenas de companhias especializadas, num processo de consolidação do mercado de gestão.

Mas será que há ainda espaço para mais aquisições? “Linx e Totvs compraram desenvolvedoras de software em mercados verticais e em segmentos específicos do varejo”, diz Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese Retail. “Mas o mercado está longe de estar consolidado e fechado.”

O comércio eletrônico, por conta da pandemia, é a bola da vez das empresas de software. O motivo é simples: à fórceps, pequenos e médios negócios tiveram que abrir canais online para venda, por conta do fechamento das atividades em razão do novo coronavírus.

“Há um peso crescente do digital e a pandemia acelerou isso brutalmente. As empresas estão começando a integrar canais e plataformas”, diz o sócio da Varese Retail. “Há muito espaço para competição.”

A Linx, que detém uma participação de 45% na área de varejo, observou um crescimento de 100% da receita recorrente do Linx Commerce no terceiro trimestre de 2020. A empresa fez também diversas parcerias com marketplaces. Com isso, a Linx Digital passou a representar 15,8% da receita recorrente total no trimestre, que foi de R$ 219,7 milhões.

A Totvs, que foi dona da CiaShop, fez uma joint venture com a VTEX em maio do ano passado. No terceiro trimestre deste ano, a companhia fez uma parceria com o Mercado Livre para que os clientes da vertical de varejo possam oferecer seus produtos no marketplace. Na parceria, a Totvs ganha um percentual do volume transacionado.

Com a Mintegra, o próximo passo da Omie é soltar uma versão que integra o sistema com as plataformas da VTEX e da OList. E brigar por um lugar ao sol desse cada vez mais disputado mercado de comércio eletrônico… Leia mais em neofeed 13/11/2020