A fintech Condolivre acaba de levantar R$ 30 milhões com a Augme — gestora de crédito privado com R$ 1,9 bilhão em ativos —, assegurando o funding para ampliar a carteira de crédito no universo de condomínios residenciais e comerciais, o que inclui desde o crédito consignado a funcionários até a antecipação de recebíveis para fornecedores.

Liderada por Matheus Munford, um ex-sócio da McKinsey que também comanda a firma de investimentos Steinbock Capital, a Condolivre surgiu com a proposta de dar crédito a uma indústria muita pulverizada e menos desejada pelo sistema bancário.

“É uma turma muito mal atendida. No Brasil, um condomínio tem 4 ou 5 funcionários, em média. O banco não vai até lá fazer campanha de consignado”, diz Munford, que fundou a startup no ano passado ao lado dos sócios Luiz Moraes (também ex-McKinsey) e Rodrigo Gebara (ex-Azimut).

No Brasil, estima-se que o mercado endereçável da Condolivre movimente R$ 300 bilhões por ano, mas em geral um condomínio é do porte de uma empresa pequena, com faturamento de R$ 85 mil reais.

Na Condolivre o funding da Augme

Para abocanhar uma parcela relevante de um mercado tão espalhado, a solução da fintech foi criar uma plataforma tecnológica que se pluga às grandes administradoras, por onde passam as folhas de pagamentos e a gestão financeira dos fornecedores.

Na plataforma plugada, um fornecedor deixa de ser apenas uma nota de um condomínio isolado, mas passa a ter condições de antecipar os recursos dos contratos feitos com clientes diversos. A Condolivre já se conectou a algumas das principais administradoras de condomínio de São Paulo e Rio, como Lello — a maior do país — e Cipa.

A Condolivre trabalha com três produtos: crédito consignado para funcionários de condomínio, antecipação de recebíveis para fornecedores e crédito para investimentos do próprio condomínio, Um quarto produto, voltado para a antecipação do FTGS dos funcionários, também deve entrar em operação. Com a parceria com as administradoras, a fintech já chegou a 3,3 mil clientes ativos, 31mil funcionários conveniados 3,4 mil fornecedores cadastrados.

Atualmente, a carteira de crédito da fintech — viabilizada por um FIDC estruturado com recursos da própria companhia — soma R$ 20 milhões. Desse total, R$ 15 milhões são em consignados e R$ 4,5 milhões estão no produto de antecipação de recebíveis.

A aposta de Munford é que o crédito para antecipação de recebíveis será muito maior do que o negócio de consignados até para representar o que significa o mercado de condomínios. Dos R$ 300 bilhões movimentados anualmente, 40% representam os pagamentos aos fornecedores. Outros 15% representam a folha de pagamentos (alvo dos crédito consignado) e o restante fica com as contas de água e luz.

A Condolivre espera usar todo o funding da Augme até o primeiro trimestre do ano vem, mas já tem outras alternativas para continuar expandindo a carteira preparadas. A fintech obteve a aprovação de duas séries de FIDCs que totalizam R$ 70 milhões. Uma das séries é de R$ 50 milhões — a Augme investiu nesse veículo.

Um outro FIDC, de R$ 20 milhões, também foi criado com uma cota subordinada — de maior risco e, portanto, retorno — para ser destinada às administradoras, que poderão investir no veículo e também ganhar com a oferta de crédito. “Homologamos as duas séries na CVM para poder alavancar o negócio”… leia mais em Pipeline 07/10/2022