A paridade de gênero é um prato cheio para a economia global. Um estudo da Kauffman Fellows Research Center (KFR), mostra que a inclusão de mulheres em setores estratégicos da economia pode alavancar o PIB mundial entre 3% a 6%. Mas, ainda que acumulem o potencial de transformar a ordem econômica, a falta de apoio ao empreendedorismo feminino segue sendo uma barreira para que esses números sejam alcançados — em 2019, por exemplo, apenas 2,2% do capital mundial de venture capital foi destinado a startups criadas por mulheres.

Foi ao se deparar com estes dados que a Microsoft decidiu agir. Há pouco mais de dois anos, a gigante tecnológica fundou o WE Ventures, fundo dedicado exclusivamente a startups fundadas por mulheres ou com mulheres em cargos de diretoria.

De lá para cá, a empresa consolidou alguns cheques e chegou ao total de oito investidas no portfólio e uma movimentação de R$ 2 milhões. Em comum, todas as empresas são essencialmente startups de tecnologia com faturamento mínimo anual de R$ 200 mil, com pelo menos uma mulher em cargo de liderança que detenha ao no mínimo 20% de participação acionária.

“O We Ventures busca reverter o cenário da desigualdade no acesso a investimentos para startups femininas. É nossa maneira de incentivar a mudança no ecossistema”, disse Franklin Luzes, vice-presidente de Inovação, Transformação e Startups em fase de crescimento acelerado na Microsoft Brasil, durante evento para jornalistas e parceiros na sede da Microsoft, em São Paulo.

Na Microsoft fundo de R$ 60 milhões

Em apresentação dos principais resultados do WE Ventures até aqui, Luzes destacou a entrada de parceiros estratégicos no fundo, interessados em apoiar o empreendedorismo feminino no Brasil a partir da avaliação de empresas ligadas às suas expertises de mercado. Entre eles estão Suzano, responsável pelo braço de avaliação de cleantechs; Multilaser, que avalia pequenas empresas do varejo e Porto Seguro. “Teremos novos investidores em breve. A chamada está aberta e teremos muita procura”, disse.

Além do recurso financeiro, a Microsoft também busca fomentar o desenvolvimento de empresas novatas com um braço de venture builder, chamado de WE Impact. O projeto, coordenado pela Bertha Capital, impulsiona startups iniciais, conectando elas a parceiros estratégicos e oferecendo mentorias e suporte técnico em áreas como receita, time e produto. Do lado do estímulo financeiro, a WE Impact também costuma injetar até R$ 500 mil por empresa.

Na prática, o fundo atua sob a lógica do retorno financeiro e também do impacto, de olho na mitigação de riscos sociais e ambientais e na criação de soluções com … leia mais em Exame 01/09/2022