Os irmãos Salim e Marcos Mansur, sócios fundadores da gestora de crédito SRM, separaram meio bilhão de reais para uma aposta no universo de venture capital este ano. A vertical SRM Ventures está de olho mais especificamente nas fintechs e vem, desde o ano passado, testando um modelo em que oferece backoffice, tecnologia e também funding para concessão de crédito em troca de equity nas startups.

“Entre 2016 e 2018 começou a ficar muito comum a abordagem de fintechs querendo vender equity pra gente”, conta Marcos Mansur, diretor da SRM Asset. “Acreditamos muito que o mercado de fintechs vai ser feito de micro nichos: empréstimo B2B, o banco do médico, a plataforma do precatório, o cartão do pecuarista. Nossa ideia é resolver a parte tecnológica e de funding, enquanto a startup se concentra em seu público.”

Depois de analisar algumas iniciativas, que chegavam com “valuations estratosféricos” e sem muito alinhamento estratégico com a gestora, os sócios decidiram inaugurar a vertical de VC com um modelo diferente. Hoje fornecem a gestão de carteira, fazem a cobrança dos empréstimos e resolvem a parte tecnológica para fintechs parceiras. A startup investida fica com a missão de “nichar” a operação em um público-alvo.

Na SRM os irmãos Mansur têm meio bilhão de reais

A fórmula foi encontrada durante a análise da Bom, startup com foco em profissionais liberais. A SRM Ventures deu R$ 24 milhões em linha de crédito para que a fintech pudesse operar e, em troca, ficou com uma participação acionária. Mas os sócios afirmam que o objetivo não é apenas criar um ecossistema colaborativo, como o mercado tem explorado à exaustão, mas efetivamente buscar retorno financeiro. Depois do investimento, em outubro, a Bom saiu de R$ 300 mil em originação de crédito para R$ 1 milhão.

“O mais importante é que a gente contribui com nossa expertise no setor e, depois de estruturar, a gente incentiva cada fintech a montar seus próprios FDICs”, diz Mansur. “A ideia é que cortem o cordão umbilical da gente quando a operação estiver andando bem. Nós somos conhecidos no mercado como uma empresa tecnológica por soluções como duplicata eletrônica e assinatura digital, que hoje são commodities. Muita gente nos procura por isso, também.”

No investimento mais recente, a Broadfactor recebeu R$ 20 milhões para fortalecer a operação de antecipação de recebíveis para PMEs. A startup já realizou mais de R$ 450 milhões em operações de crédito e, com o novo aporte, deve transacionar pelo menos mais R$ 200 milhões no curto prazo. Também a Openbox, uma fintech com foco em ESG para pequenos empreendedores, recebeu um cheque de R$ 20 milhões há pouco tempo. Até o fim do ano, pelo menos outras quatro ou cinco iniciativas semelhantes devem ser apoiadas pela SRM Ventures…. leia mais em Pipeline 27/09/2022