Quando Rodrigo Baer e Marco Camhaji decidiram fundar a própria gestora de venture capital, a euforia dava o tom. Com os juros nas mínimas, a abundância de capital atraía casas como Tiger, Softbank e a prestigiosa Andreessen Horowitz para startups da América Latina. No início do ano passado, a dupla já estava com quase US$ 75 milhões para a nova casa, quando bateu à porta do Softbank perguntando sobre o interesse em entrar como limited partner – uma visita que acabou reconfigurando os planos em um spin-off do early stage do grupo japonês.

Menos de um ano depois, como já ficou evidente, o dinheiro secou e os valuations minguaram. Baer e Camhaji conseguiram o que talvez seja o melhor dos mundos. Emplacaram o projeto de liderar uma gestora própria ao mesmo tempo em que pouparam boa parte do penoso trabalho que um fundo de venture capital novato costuma ter para atrair grandes investidores.

A Upload Ventures já nasceu com dry powder e um portfólio de 12 startups, o que deve ajudar a levantar capital adicional para o primeiro fundo, totalizando cerca de US$ 200 milhões. A gestora quer fazer um primeiro closing já em agosto, levantando de US$ 130 milhões a US$ 140 milhões. Uma parte importante disso virá dos compromissos assumidos pelo Softbank, mas a Upload também está captando com family offices brasileiros e estrangeiros. O closing final deve ser no início do ano que vem.

Na Upload Ventures um novo fundo
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“Chegamos já existindo e desmistificando as dores de um fundo novo. Vários LPs não investem em um primeiro fundo de uma gestora porque não sabem se vai operar bem, se os sócios conhecem as teses, se o time já trabalhou junto”, disse Camhaji ao Pipeline no escritório da gestora — um espaço compartilhado com a fintech Nomad na Faria Lima.

Além do ex-Amazon Camhaji e de Baer (um experimentado gestor que já passou pela Redpoint eVentures), a área de early stage da Upload montou um time de sócios também composto por Norberto Giangrande. O fundador das corretoras Link e Rico atua como operating partner na gestora, ajudando os empreendedores em desafios do dia-a-dia.

Mas a estratégia da Upload não se restringe ao early stage. Para aproveitar oportunidades em startups de estágios mais avançados, os sócios se uniram a Mário Ermírio de Moraes Filho e Carlos Simonsen, que até então comandavam a Corton Capital — agora parte da nova gestora. Com dois sobrenomes que dispensam apresentações e networking para atrair capital, a dupla investiu no unicórnio Olist e, mais recentemente, se tornou sócia da startup de games Wildlife em uma transação secundária.

Na semana passada, a Upload também fez a primeira rodada da gestora no formato independente, acompanhando a série A de US$ 37 milhões na DEUNA, startup que vem desenvolvendo uma tecnologia para prover a compra em um clique só para todo o ecommerce da América Latina, uma comunidade que ajuda na conversão de vendas mas estava apenas disponível para grandes marketplaces como … leia mais em Pipeline 12/07/202