O empresário Vasco Oliveira, um dos principais sócios da firma de investimentos SK Tarpon, deu o pontapé inicial na NSTech há apenas dois anos, mas já montou um ecossistema de soluções tecnológicas para logística de cargas rodoviárias que fatura R$ 650 milhões, gera R$ 100 milhões em caixa por ano e agora se estrutura para os primeiros M&As no exterior.

A trajetória da NSTech começou com a aquisição do controle da Buonny — uma empresa que monitora cargas de alto valor, diminuindo os índices de roubos — e já passou de 20 M&As, reunindo sob um mesmo guarda-chuva desde softwares de gestão de logística rodoviária, averbação de cargas e até uma fintech especializada que já faz um TPV de R$ 2 bilhões por ano.

Para botar o negócio de pé, a NSTech gastou R$ 1,4 bilhão entre aquisições e investimentos orgânicos. Os recursos foram financiados com equity, dívida e um pouco da geração de caixa. Na parte de equity, os dois principais sócios (Niche Partners, veículo por meio do qual a Tarpon faz os investimentos, e a sueca Greenbridge) colocaram R$ 800 milhões.

NSTech já investiu R$ 1 4 bi

Sempre que pode, Vasco gosta de frisar que a tese de Tarpon e Greenbridge para a NSTech é de longuíssimo prazo. “Juntos, Tarpon e Greenbridge temos 75% do negócio e achamos que podemos estar investidos na empresa por décadas”, disse. Mas isso não significa que a companhia continuará sempre fechada.

A NSTech quer estar preparada até o ano que vem para ir a mercado, vislumbrando um potencial IPO no exterior (quando as condições de mercado melhorarem). Uma oferta de ações na bolsa poderia a dar saída para alguns investidores, mas seria sobretudo um mecanismo de captação para a companhia acelerar o crescimento no exterior.

“Temos um plano de abertura de capital a médio prazo, mas muito mais como uma maneira de financiar e permitir que a gente tenha sucesso na expansão internacional”, diz Vasco.

A ideia é fazer os primeiros M&As no exterior em 2023, o que poderia ser financiado tanto por uma nova rodada dos principais sócios quando por uma eventual (e menos provável) operação no mercado de capitais. “A companhia continua gerando muito caixa e temos uma saúde financeira boa. Ainda estamos discutindo”, despista.

Com as tecnologias que desenvolveu (ou comprou) no Brasil, a NSTech já chegou a dez países, sobretudo da América Latina, e acaba de estrear na Europa, mas a ideia é ter mais relevância no exterior, incluindo os Estados Unidos. No futuro, a operação brasileira será apenas uma pequena parcela do negócio, representando o que é o país na logística global.

Para Vasco, o grande diferencial da NSTech é ter reunido em um só lugar as diversas soluções para o mercado. “Já temos mais de 100 soluções para todas as personas da cadeia de logística e mobilidade rodoviária“, diz ele, citando produtos concebidos para atender caminhoneiros, transportadores e embarcadores.

Esse diferencial pode ser explorado no exterior, onde não há nada parecido. “Quando você vai para os EUA, cada player faz apenas uma das nossas verticais, mas o que temos hoje é capaz de atender mais de dez clientes diferentes”, afirma o CEO da NSTech.

Além disso, a companhia vem investindo na integração de todas as soluções. Em breve, deve lançar uma plataforma aberta (que permite a integração de terceiros) que permitirá o acesso a todas as soluções da companhia em poucos cliques. A plataforma foi desenvolvida pelo time de 700 pessoas do P&D da NSTech. Ao todo, a empresa emprega quase 4 mil pessoas.

Na área financeira, a fintech da NSTech quer ganhar escala a partir de 2023, além de lançar as contas digitais para empresas e pessoas físicas. Em crédito, as operações de capital de giro para as transportadoras e antecipação de recebíveis estão no foco. A empresa também deu entrada no Banco Central para atuar como uma empresa de pagamentos, o que permitirá o lançamento de soluções para a gestão de pedágio… leia mais em Pipeline 14/11/2022