O domínio financeiro das bets no futebol brasileiro
Todos os clubes de futebol que disputam a série A do Campeonato Brasileiro neste ano já são patrocinados por casas de apostas esportivas – e, dos 20 times, 18 têm as bets como patrocinador máster, estampadas no meio da camisa, o maior percentual histórico.
A estimativa do mercado é que o investimento dessas casas supere R$ 1 bilhão no ano, alta de 30% com o ajuste de contratos e com novos clubes. No Palmeiras, por exemplo, era a Crefisa quem ganhava lugar de destaque na camisa no ano passado, agora substituída pela Sportingbet, num contrato que pode chegar a R$ 170 milhões por ano.
A Pixbet, no Flamengo, e o Esportes da Sorte, no Corinthians, desembolsam mais de R$ 100 milhões por ano pelos patrocínios. A Esportes da Sorte patrocina também o Ceará. Na semana passada, foram anunciados dois novos acordos: Internacional e Grêmio, que passaram anos tendo o banco Banrisul como máster, fecharam com a Alfa, com valor de R$ 50 milhões por ano, podendo crescer conforme a meta esportiva.
O Sport Recife também divulgou nos últimos dias contrato com a Betnacional, que pode chegar a R$ 30 milhões por ano, enquanto o Fortaleza assinou com a Cassino, marca que pertence ao grupo Ana Gaming, em montantes similares. Entre as equipes que subiram da série B para A, o Mirassol e o Vitória são patrocinados pela 7k, também do grupo Ana Gaming.
“O investimento bilionário que as bets fazem para patrocinar o esporte não é por acaso, é pelo cálculo do retorno para o consumidor que elas querem alcançar”, diz José Francisco Manssur, sócio do escritório CSMV Advogados, que atuou como assessor especial da secretaria executiva do Ministério da Fazenda e esteve à frente da elaboração das regras para o setor de apostas por cota fixa no Brasil.
Para Leonardo Bessa, consultor do conselho federal da OAB e sócio do Betlaw, escritório de advocacia especializado no setor de jogos e apostas, o aumento dos patrocínios vem na esteira da regulamentação. “A regulamentação atrai o interesse de operadores internacionais”, diz.
Não é uma particularidade brasileira. Um levantamento do site Bolavip indica que 30% dos patrocínios no futebol mundial são de casas de aposta e as instituições financeiras vêm em seguida nas camisas. No campeonato inglês, no entanto, onde o domínio das bets também já era amplo, as regras mudaram: os clubes da Premier League não terão mais casas de apostas como máster na camisa a partir da próxima temporada.
Por aqui, uma restrição desse tipo já atingiria 90% da série A. Com o aumento do volume de apostas e comprometimento de renda dos adeptos, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) tem aumentado o escrutínio sobre as campanhas… leia mais em Pipeline 18/02/2025