Das privatizações às maiores e mais complexas operações societárias, do pioneirismo na estruturação dos fundos imobiliários à venda de clubes de futebol, é difícil não encontrar as digitais da tríade composta por Plínio Barbosa, Francisco Müssnich e Paulo Cezar Aragão nos bastidores, engendrando as soluções jurídicas.

No panteão do direito empresarial, os três deram às iniciais do sobrenome a um dos escritórios mais renomados do Brasil, o BMA. Agora, querem atingir um feito raro nas bancas de advocacia e fazer uma sucessão de fato, transformando o negócio que fundaram em 1995 em uma instituição que mantenha o caminho aberto às novas gerações de advogados — em poder político e econômico.

Barbosa, Müssnich e Aragão acabam de comunicar aos mais de 340 advogados do BMA que vão vender 100% da participação que detêm no escritório. O processo será gradual e se completará em 2027, quando Barbosa se desfizer de suas últimas cotas. Aragão fará a venda da participação ao longo de quatro anos e Müssnich, em cinco anos.

“Os escritórios brasileiros, com poucas exceções, não têm a tradição de permanência, mas é isso o que nós queremos”, disse Aragão ao Pipeline, citando as inspirações nas grandes e centenárias bancas americanas. O Cravath, Swaine & Moore, por exemplo, foi fundado em Nova York em 1819.

Os fundadores do BMA começam a sucessão

Efetivamente, a transição no BMA já havia começado há três anos, quando os três advogados que dão o nome à casa abriram mão do assento permanente no comitê executivo — uma espécie de conselho de administração da sociedade.

“A gente tinha uma presença forte no comitê para poder abrir a participação para outros sócios. Não precisava ter mais de 50% do capital para comandar o escritório, mas isso foi no início e há alguns anos aumentamos o número de membros do comitê e já não tínhamos a maioria”, lembrou Barbosa.

O processo agora se materializa com a venda gradual das participações, o que dará oportunidade para a ascensão de novos nomes e na promoção de advogados que já integram a sociedade — atualmente, são 81 sócios. A sucessão também pode ter consequências na concorrência.

“Até pela proeminência dos três, a nossa concorrência dizia que eles nunca iam sair e não teria espaço para crescer, o que nunca foi verdade. Mas isso acaba interferindo na atração e retenção de talentos, é claro“, diz Amir Bocayuva, sócio-diretor do BMA e um dos advogados mais influentes do país — ele foi o responsável pelas operações entre XP e Itaú.

Ao criar as bases para fortalecer a partnership, os fundadores também estão fazendo uma aposta na qualidade do time do BMA. “Temos uma galera de qualidade inacreditável e muito criativos. No fundo, eles já estão tocando o escritório”, disse Müssnich, mencionando alguns dos nomes mais conhecidos da casa: Luiz Antonio de Sampaio Campos, Barbara Rosenberg, Monique Mavignier, Camila Goldberg e André Abbud.H&R… leia mais em Pipeline 22/09/2022