Consultores avaliam viabilidade jurídica de fusão dos negócios no Brasil, que criaria gigante com 28% do setor
Acordo esbarraria em aprovação por órgãos de defesa da concorrência e em oposição do Casino, sócio do grupo de Abilio

O Pão de Açúcar, maior grupo varejista brasileiro, sondou o francês Carrefour para uma possível fusão dos supermercados no Brasil.
As negociações estão em fase embrionária e contam com dois grandes entraves: aprovação pelos órgãos de defesa da concorrência no Brasil e oposição do Casino, acionista do Pão de Açúcar e rival do Carrefour na França.

Para estudar a viabilidade do negócio, o Pão de Açúcar conta com o trabalho da consultoria Estáter, prestadora de serviço da varejista que costurou a compra das Casas Bahia. O Carrefour é assessorado pelo banco Lazard.
O negócio envolve hipermercados, postos de gasolina, e-commerce e também a marca Dia, que podem ser vendidos em conjunto ou separadamente.

A fusão poderia criar um gigante com faturamento da ordem de R$ 60 bilhões anuais e 28% do setor supermercadista no país, o que dificultaria a aprovação no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Em 2010, a matriz do Carrefour descobriu rombo contábil de 550 milhões (R$ 1,26 bilhão) no Brasil, abrindo espaço para rumores sobre sua saída do país.
O escândalo levou à demissão de toda a diretoria e a uma “intervenção” no Brasil.
Na França, acionistas do Carrefour estão descontentes com os resultados e pressionam pela venda das unidades do Brasil e da China.

A investida do Pão de Açúcar desagradou ao Casino, que tem 50% do varejista.
Segundo o jornal “Le Figaro”, o presidente-executivo do Casino, Jean-Charles Naouri, enviou carta à diretoria do Carrefour na qual afirmou que o Casino havia sido informado pelo Pão de Açúcar sobre as negociações.
Na carta, ele reclama que o Casino nunca foi informado (pelo Carrefour) sobre o assunto e propõe uma decisão conjunta para o caso.

O francês “Journal du Dimanche” publicara no domingo que a família Diniz, controladora do Pão de Açúcar, poderia aceitar uma participação no Carrefour como parte do pagamento pela unidade brasileira.
Qualquer operação nesse sentido exigiria aprovação por parte do Casino.
Os analistas se mostraram céticos quanto à transação ao afirmar que essa operação levaria a entraves de concorrência e teria grandes chances de ser vetada pelo Casino.
Segundo o “Figaro”, o Casino não parece inclinado a apoiar a transação.
Procurados, Pão de Açúcar, Carrefour e Estáter preferiram não comentar o caso.

Fonte: Folha de SP 25/05/2011

Pão de Açúcar nega possível fusão com Carrefour no Brasil
São Paulo – O Grupo Pão de Açúcar negou nesta quarta-feira que esteja em negociações com o Carrefour para uma possível fusão das operações brasileiras dos dois grupos varejistas, conforme informações publicadas pela mídia francesa desde domingo.
Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a maior varejista do país afirmou que “não é parte em qualquer negociação com o Carrefour e não contratou qualquer assessor financeiro com esse fim”. Sem citar fontes, o Journal du Dimanche publicou no domingo que o Carrefour estaria estudando a possibilidade de fundir sua unidade brasileira com o Pão de Açúcar.
De acordo com a publicação, a maior varejista da Europa teria dado mandato para o banco de investimento Lazard estudar uma transação que poderia envolver a família controladora do Pão de Açúcar assumindo uma participação no Carrefour. Conforme o documento desta quarta-feira, o grupo Casino, que detém 35 por cento de participação no Pão de Açúcar, desconhecia qualquer negociação até a veiculação pela mídia e não autorizou terceiros a representar seus interesses em tais negociações.
Ainda segundo o comunicado, o presidente do conselho de administração do Pão de Açucar, Abílio Diniz, disse estar “sempre em busca de alternativas para o crescimento da companhia e que não há nenhum fato ou ato que justificasse uma divulgação ao mercado”. Desde segunda-feira, analistas se mostraram céticos quanto à informação do jornal francês, afirmando que tal operação levaria a entraves de concorrência. As ações do Grupo Pão de Açúcar operavam em queda de 0,86 por cento logo após a abertura do mercado nesta quarta-feira.
Fonte: Exame 25/05/2011