A tradicional pesquisa da consultoria global ICTS Protiviti divulgou a lista dos dez maiores riscos para 2022 segundo a percepção de 1.453 executivos do mundo todo, entre membros de conselho e líderes de organizações de diversos setores. Com mudanças em relação a 2021, o levantamento mostra variação nas indicações em relação ao último ano e traz perspectivas para 2031.

Questões regulatórias, competição com empresas nascidas digitais e privacidade de dados saíram do ranking. “Os novos riscos referem-se a desafios relacionados aos talentos e à cultura nas organizações, tais como o aumento dos custos de folha, inabilidade no uso de big data e inteligência artificial e mudanças de perspectivas relacionadas à diversidade e inclusão, tais como a equidade digital e inclusão virtual, aponta Rodrigo Castro, diretor de Business Performance & Inovation (BPI) da ICTS Protiviti.

Os riscos que se mantiveram em relação a 2021 são os desafios de busca e retenção de talentos, a necessidade de capacitar e desenvolver a força de trabalho devido à adoção de novas tecnologias e a resistência interna na mudança de modelos de negócio.

Os outros riscos que compõem o ranking referem-se ainda ao resultado da pandemia, tais como o impacto de políticas governamentais criadas neste cenário e as reduções de demanda geradas pela Covid-19. Ademais, a preocupação com ameaças cibernéticas e a pressão inflacionária global completam a lista de principais preocupações para os próximos 12 meses.

A lista completa das preocupações mundiais são:

1. Políticas e regulamentações relacionadas à pandemia impactam o desempenho dos negócios;
2. Desafios de sucessão, capacidade de atrair e reter os melhores talentos;
3. Condições de mercado relacionadas à pandemia reduzem a demanda do cliente;
4. A adoção de tecnologias digitais pode exigir novas habilidades ou esforços significativos para melhorar ou requalificar os funcionários existentes;
5. As condições econômicas restringem as oportunidades de crescimento;
6. [Novo risco] Custos de folha crescentes impactam metas de rentabilidade;
7. Resistência à mudança de operações e modelo de negócios;
8. [Novo risco] Incapacidade de uso da análise de dados e big data para alcançar inteligência de mercado e aumentar a produtividade e eficiência;
9. Ameaças cibernéticas;
10. [Novo risco] Mudança nas expectativas relacionadas à diversidade, à equidade e à inclusão ultrapassa a capacidade de resposta das organizações.

Na visão geral dos executivos, a criticidade dos riscos para 2022 é menor que 2021, o que não surpreende visto que o cenário no ano anterior era de um mundo imerso em uma pandemia, com um cenário de incerteza. Nenhum dos principais riscos foi considerado como de alto impacto, mas sim de impacto moderado.

Riscos no Brasil em 2022

No Brasil, a percepção de riscos é semelhante ao que se viu no resto do mundo, porém em ordem e criticidade distintas. Dos dez riscos apontados na pesquisa global, sete estão presentes no ranking brasileiro. Em relação a 2021, houve uma grande variação do ranking. Apenas quatro riscos se mantiveram, ou seja, temos um volume maior de novos desafios. Houve também percepção de maior exposição ao risco, ao passo que no ano passado a pesquisa nacional não apontou riscos de alto impacto. Agora, os quatro primeiros foram elencados como severos pelos executivos locais.

Os riscos relacionados à pandemia que compõe o ranking global e estavam entre as principais preocupações dos executivos brasileiros em 2021 saíram do radar neste ano. “A principal preocupação dos executivos no Brasil refere-se à facilidade de entrada de novos competidores e outras mudanças no cenário competitivo do seu setor, tais como fusões e aquisições, que podem afetar a participação de mercado da organização”, acrescenta Castro.

Este risco era o vigésimo na lista de 2021 e teve a maior evolução em relação ao ano anterior, sendo alçado a primeiro lugar. Esta preocupação pode estar relacionada ao volume recorde de fusões e aquisições no primeiro semestre de 2020, que foi 55% superior ao mesmo período de 2021 e o maior número em dez anos. Além disso, houve um recorde de captação de recursos via mercado de capitais este ano por meio de ofertas iniciais.

Os IPOs (Oferta Pública Inicial, em português) trouxeram mais de R$ 60 bilhões, descancando o antigo recorde de 2007. Executivos de empresas que ficaram de fora desses movimentos e que estão nos setores afetados podem ter sentido a forte mudança no cenário competitivo. Outro risco que não estava no ranking de 2021 e apareceu este ano em terceiro lugar é a preocupação com o aumento dos custos de folha, impactando as metas de rentabilidade. Isso se explica pela indexação da folha de pagamento das empresas que são corrigidas via dissídio e acompanham a inflação que ultrapassará os 10% neste ano.

Os riscos relacionados a talentos e cultura se repetem em relação ao ranking global. Contratação e retenção de talentos com riscos à sucessão, a necessidade de capacitar e desenvolver a força de trabalho devido à adoção de novas tecnologias, a inabilidade no uso de big data e de inteligência artificial e a resistência interna na mudança de modelos de negócio são preocupações comuns entre brasileiros e executivos do mundo todo. Alguns riscos macroeconômicos materializados em 2021 e que podem ser mais severos em 2022 não apareceram no ranking, tais como a mudança no ambiente atual da taxa de juros, incerteza política, volatilidade nos mercados financeiros globais e taxas de câmbio e capacidade de acessar capital e ter liquidez suficiente.

Estes riscos compõem a lista da pesquisa e foram apontados no ano anterior pelos executivos brasileiros como preocupações de longo prazo. Destes riscos, a incerteza política e a mudança no ambiente da taxa de juros tiveram seu impacto maior em relação à pesquisa anterior, porém não entraram na lista dos dez principais, pois a avaliação geral dos riscos foi mais severa.

Já a volatilidade nos mercados financeiros globais e a capacidade de acessar capital e liquidez suficiente tiveram sua criticidade reduzida em relação à ultima pesquisa﹒

Abaixo a lista completa dos riscos apontados no Brasil:

1. [Novo risco] Facilidade de entrada de novos competidores no setor e outras mudanças significativas no ambiente competitivo como concentração de mercado via fusões e aquisições;
2. Desafios de sucessão, capacidade de atrair e reter os melhores talentos;
3. [Novo risco] Custos de folha crescentes impactam metas de rentabilidade;
4. As condições econômicas restringem as oportunidades de crescimento;
5. A adoção de tecnologias digitais pode exigir novas habilidades ou esforços significativos para aprimorar e requalificar os funcionários existentes;
6. [Novo risco] Incapacidade de uso da análise de dados e big data para alcançar inteligência de mercado e aumentar a produtividade e eficiência;
7. [Novo risco] Resistência à mudança de operações e modelo de negócios;
8. [Novo risco] Capacidade de competir com empresas “nascidas digitais” e outros concorrentes devido ao legado de infraestrutura, à operação e ao baixo conhecimento digital dos executivos e conselheiros;
9. [Novo risco] Risco de terceiros decorrentes da dependência de fornecedores de TI e outras parcerias estratégicas, com impacto em metas operacionais e imagem e
10. Ameaças cibernéticas .

Pesquisa aponta tendências globais e do Brasil para 2031

Adicionalmente, este estudo se propõe a buscar uma visão dos riscos de longo prazo, considerando as principais preocupações para o ano de 2031. Neste cenário, assim como a pesquisa do ano passado, a pandemia deixa o protagonismo e cede espaço para o futuro do trabalho e o risco de tecnologias e abordagens disruptivas dificultarem a própria existência das organizações neste futuro.

Outro risco que se conecta a este guarda-chuva é o de que a velocidade rápida da inovação disruptiva possa superar a capacidade de competir das organizações e, também, o surgimento de novos produtos e serviços que podem afetar os negócios de hoje em dia.

Abaixo a lista global completa para 2031:

1. A adoção de tecnologias digitais pode exigir novas habilidades ou esforços significativos para aprimorar ou requalificar os funcionários existentes;
2. Desafios de sucessão, capacidade de atrair e reter os melhores talentos;
3. A velocidade rápida de inovação disruptiva pode superar a capacidade de competir;
4. Possibilidade de surgir produtos e serviços substitutos que afetem modelos de negócios;
5. [Novo risco] As condições econômicas restringem as oportunidades de crescimento;
6. [Novo risco] Facilidade de entrada de novos competidores no setor e outras mudanças significativas no ambiente competitivo, como a concentração de mercado via fusões e aquisições;
7. Impacto da mudança regulatória e do aumento do escrutínio regulatório pode afetar a maneira como os produtos e serviços são oferecidos;
8. [Novo risco] Resistência à mudança de operações e modelo de negócios;
9. [Novo risco] Modelo híbrido de trabalho e mudanças na natureza do trabalho podem afetar nossa habilidade de competir e
10. Incapacidade de utilizar análise de dados e “big data” para obter inteligência de mercado e aumentar a produtividade e eficiência.

Para o cenário de longo prazo, a percepção dos executivos brasileiros se aproximou do mercado global em relação à pesquisa anterior. Se antes havia similaridade em apenas quatro dos dez principais riscos para 2030, agora sete dos dez riscos estão também posicionados no ranking geral da pesquisa para 2031. “O executivo brasileiro substituiu riscos relacionados a aspectos político-econômicos como as incertezas políticas, a mudança no cenário de taxa de juros, a volatilidade do mercado de capitais e a capacidade de acessar crédito e liquidez por temas mais focados à perenidade das organizações, tais como a velocidade da inovação, a mudança de comportamento do mercado consumidor e o rápido advento das mídias sociais”, revela Castro.

Abaixo a lista completa do Brasil para 2031:

1. A facilidade de entrada de novos concorrentes na indústria e no mercado pode ameaçar a participação no mercado;
2. Possibilidade de surgir produtos e serviços substitutos que afetem o modelo de negócios;
3. A adoção de tecnologias digitais pode exigir novas habilidades ou esforços significativos para melhorar ou requalificar os funcionários existentes;
4. [Novo risco] A velocidade rápida de inovação disruptiva pode superar a capacidade de competir;
5. As condições econômicas restringem as oportunidades de crescimento;
6. Desafios de sucessão, capacidade de atrair e reter os melhores talentos;
7. Impacto da mudança regulatória e do aumento do escrutínio regulatório, afetando a maneira como os produtos e serviços são oferecidos;
8. [Novo risco] Custos de folha crescentes impactam metas de rentabilidade;
9. [Novo risco] Rápido crescimento das mídias sociais e tecnologias de plataforma poderá afetar significativamente a forma de fazer negócio, interagir com clientes, cumprir as regulamentações e gerenciar as marcas e
10. [Novo risco] Manutenção da fidelidade do cliente e retenção podem se tornar cada vez mais difícil devido às mudanças do comportamento do consumidor e dos padrões demográficos.

Com informação da IMAGE Comunicação