Ainda pouco concentrado, o varejo brasileiro vive o início de uma nova e intensa onda de aquisições estratégicas, impulsionada por um amplo pacote de transformações. Entenda o que está por trás dessa agenda

O varejo brasileiro viveu algumas ondas de fusões e aquisições, que coincidem com ciclos de evolução do negócio. A primeira grande onda aconteceu no ciclo pós-Plano Real (1994-2002), motivada pela abertura econômica e controle da inflação. A segunda veio no ciclo do boom (2003-2012), que provocou aumento de renda, consumo e forte expansão do varejo.

Estamos vivendo a terceira onda, que tem características distintas das anteriores e está associada ao ciclo de transformação do varejo.Nas três ondas, os movimentos foram promovidos por aberturas de capital, entrada de operadores internacionais, fundos de private equity e agressividade de empresas com ambição de crescimento.

O varejo vem passando por um processo de transformação, impulsionado pela digitalização de consumidores e dos negócios, e acelerado pela pandemia da Covid-19.

Isso tem levado ao surgimento de novos modelos de negócio, caracterizados como plataformas e ecossistemas, que crescem exponencialmente a partir de bases de clientes e recorrência, integrando varejo, marketplace, serviços financeiros, conteúdo, mídia, entretenimento e outros serviços.

Os modelos ancoram-se em tecnologia proprietária e infraestrutura e crescem via ativos de terceiros e de forma não orgânica.

No mercado chinês, onde os ecossistemas de negócio surgiram e transformaram o varejo nos últimos seis anos, modelos como Alibaba, Tencent, JD.com e Suning tornaram-se grandes operadores e investidores em negócios de varejo, por entenderem sua importância para escalar modelos sustentáveis orientados a clientes e dados.

Assim, o Alibaba investiu em negócios como Sun Art e Lianhua (supermercados), Yiantai (lojas de departamentos), e implantou negócios próprios, como a rede de supermercados Hema.

Já a Suning, ecossistema originado de uma empresa de varejo, comprou as operações de Tesco, Dia e Carrefour na China. Nos EUA, a Amazon.com adquiriu o Whole Foods.

O mercado brasileiro tem dimensão continental, elevada concentração demográfica e geográfica, regionalismo e grandes diferenças entre as médias e grandes cidades e as pequenas. Tem varejo maduro, competitivo, fragmentado e regional.
Na primeira e na segunda onda de fusões e aquisições, houve vários cenários que apontavam para o domínio internacional e a consolidação do varejo no Brasil, e nenhum dos dois se concretizou.

Apesar de presença internacional relevante, diversas empresas de varejo saíram do Brasil nos últimos anos, como Walmart, Jeronimo Martins, Sonae, Ahold, Castorama, Fnac, TopShop, Forever 21, Gap, JC Penney, CVS, Ahumada, Elektra e Coppel.

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