A Companhia Potiguar de Gás não descarta comprar de volta à participação da Gaspetro na Potigás caso esta seja vendida para a Compass (Grupo Cosan) num negócio de R$ 2 bilhões a ser referendado (ou não) em reunião nesta quarta-feira, 22, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“Aqui a princípio não será exercido (o direito de compra) em relação a esta oferta. Todavia, caso o adquirente (Compass), uma vez aprovado no Cade a venda, queira vender a parte da Potigás, o governo pretende exercer”, disse nesta segunda-feira por WhatsApp Marina Siqueira, presidente da Companhia Potiguar de Gás.

A Compass assinou promessas de venda de participação de até sete das 18 distribuidoras de gás natural onde a Gaspetro é minoritária. Governos estaduais que têm a Gaspetro como sócia nas distribuidoras – não foi o caso do RN, onde a subsidiária da Petrobras tem 49% das ações contra 51% do Governo do Estado – já anunciaram o desejo de exercer o direito de preferência na aquisição. Bahia (Bahiagás), Sergipe (Sergás), Paraíba (PBGás) e Santa Catarina (SCGás) saíram na frente.

A compra da Gaspetro pela Compass é questionada por grandes consumidores e transportadores de gás e, inclusive, recebeu ressalvas por parte da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Entre as razões estão questões concorrenciais, já que sua controlada Congás, a maior distribuidora do país, adquiriu no ano passado 51% da Sulgás e os demais 49% são da Gaspetro, também em vias de ser adquiridos. Isso tem nome no mercado: concentração.

Potigás não descarta comprar participação da Gaspetro

Nesta quarta-feira, 22, numa aguardada reunião, o Cade decide positiva ou negativamente sobre a compra da Gaspetro pela Compass. Segundo o colunista Lauro Jardim de O Globo internamente alguns conselheiros do Cade avaliam que o presidente do Conselho, Alexandre Cordeiro, deveria se declarar impedido de participar das discussões e até mesmo de votar, uma vez que ele participou ativamente da chamada ‘decisão de concentração’.

Se garantir a compra dos 51% que a Petrobras detém na Gaspetro, anunciada no final de julho de 2021, os restantes 49% continuarão com a Mitsui, um dos maiores conglomerados empresariais do Japão.

A Gaspetro possui participação nas distribuidoras Algás (AL), Bahiagás (BA), Cebgás (DF), Cegás (CE), CEG-Rio (RJ), Compagás (PR), Copergás (PR), Gasap (AP), Gasmar (MA), Gaspisa (PI), Goiasgás (GO), MSGás (MS), PBGás (PB), Potigás (RN), Rongás (RO), SCGás (SC), Sergás (SE) e Sulgás (RS), além do controle da Gas Brasiliano (SP).
Consultada pelo blog, Larissa Gentile, ex-presidente da Potigás, disse que embora o grupo Cosan tenha muito a ensinar aos players do setor, o ano eleitoral e suas turbulências aconselham muita prudência nesta hora. “É preciso analisar com calma o que é melhor para o RN”, opinou.

A preocupação é reduzir a influência do grupo Cosan no setor de gás natural do Brasil, zelando por um melhor ambiente da concorrência.

Há um acordo de 2019 entre o Cade e a Petrobras que se compromete a trazer mais concorrência ao mercado de gás, determinando que nenhuma empresa atuaria em mais de uma área do setor, produzindo e transportando ao mesmo tempo, por exemplo.

Por outro lado, como já possui a distribuidora paulista Comgás, a Cosan deverá ser obrigada a vender todos os demais negócios de produção, transporte e comercialização de gás. É nesse ponto que a Potigás pode se habilitar, caso o Cade autorize todo o processo de venda da Gaspetro, que aumentaria a participação da Compass no mercado brasileiro de distribuição de gás para 76%… leia mais em Foleto 21/06/2022