Os insights sobre M&A publicados em 2022 foram predominantemente pessimistas fruto da volatilidade do mercado. Sofreram  influências das incertezas dos investidores,  queda dos valuations e das desistências dos IPOs.

Ao longo do ano o Portal Fusões & Aquisições publicou notícias com “Insights do mês”. Tratam-se de posts em destaque dentre os “Insights semanais” que mais transmitiam o clima do mercado.

Selecionamos dois Insights entre os quatro ou cinco publicados mensalmente. Esta retrospectiva do ano está mais para uma releitura da jornada, mês a mês, de alguns dos mais relevantes pontos para reflexão ao longo do ano sobre as expectativas de fusões e aquisições e buscar entender o que aconteceu.

Alguns drivers de M&A reportaram o sentimento global, influenciados pela volatilidade nos mercados devido à instabilidade geopolítica, aumento das taxas de juros e inflação, e temores de uma recessão global. A confiança dos líderes é um fator-chave na elaboração de negócios. Eles são tanto menos confiantes quanto mais nebuloso é  o cenário econômico.

E os 25 insights escolhidos entre os publicados semanalmente ao longo de 2022, refletem basicamente três condicionantes: (i) incertezas dos investidores, (ii) queda dos valuations e (iii) e as desistências dos IPOs. E ambos na mesma proporção.

Interessante notar que sob a ótica do sentimento dos insights selecionados em 2022, cerca de 76% têm o viés negativo e somente cerca de um quarto é positivo.

Insights do Portal

Segue a seleção dos posts mensais:

JANEIRO

FEVEREIRO

  • O gringo voltou para a bolsa brasileira; mas para este gestor estrangeiro, talvez não queira ficar por muito tempo – Por mais que o mercado local de ações tenha se desenvolvido nos últimos anos, e o número de investidores pessoas físicas tenha explodido, a bolsa brasileira ainda é bastante dependente do capital estrangeiro.
  • Empresas buscam aportes privados Com o mercado de capitais mais arredio, empresas que precisam levantar recursos para a expansão de seus negócios têm recorrido a captações privadas. Após a desistência de dezenas de empresas que estavam na fila para fazer IPO os bancos de investimento estão desenhando operações que não dependem diretamente do vaivém da bolsa, como levantamento de recursos privados e fusões e aquisições, que devem seguir firmes neste ano. Eestima que 60% das companhias que interromperam o processo de abertura de capital poderão recorrer a captações privadas.

MARÇO

ABRIL

  • “O Brasil está barato”, diz Gilson Finkelsztain, presidente da bolsa – À frente da B3 durante expansão histórica, o executivo aposta nas peculiaridades do mercado para manter o crescimento — mesmo em cenário menos favorável. Quando assumiu o comando da B3, a maior bolsa de valores da América Latina, sediada em São Paulo, Gilson Finkelsztain encontrou um mercado estagnado em torno dos 500 000 investidores individuais.
  • Vem aí os M&As da reprecificação de tecnologia – A correção de valuations em empresas de tecnologia deve provocar um aumento de fusões e aquisições entre startups,principalmente daquelas já classificadas como growth, mais maduras em seu modelo de negócio. Quem não entrou nessa fase capitalizado começou a cogitar se unir a um concorrente ou vender a operação, para tentar evitar uma constrição no crescimento ou um down round – a expressão que só apareceu por aqui nos últimos dois meses e que significa uma captação a um valuation menor que na rodada anterior. Já quem está com dinheiro em caixa pode partir para consolidação.

MAIO

  • Crise rompe “hipervaluation” de startups e investimentos no setor ficam mais racionais. QuintoAndar, Loft e outras startups bilionárias ganharam os holofotes nas últimas semanas por promoverem demissões em massa. O novo capítulo, primeiro de um período tortuoso para esse mercado, anunciou a chegada da crise em um setor que poucos imaginavam que ela alcançaria: as empresas de tecnologia. Não faz muito – cerca de seis meses atrás -, essas startups levantaram volumes recordes de capital. Mas o ritmo febril dos aportes e a escalada dos valuations em ritmo geométrico foi quebrado no começo deste ano. A aposta unânime é que este será um ano de correções dos valores no setor.
  • Por que tantos IPOs foram cancelados neste ano? – 2022 seria o ano da retomada dos IPOs . Seria, porque muitos deles foram cancelados. Por que isso está acontecendo, se recorrer ao mercado acionário é um dos meios mais baratos de as empresas conseguirem fazer grandes captações?

JUNHO

  • ‘Brasil está barato, mas incerteza freia estrangeiro’ – Diretor da gestora americana Principal Global Investors, com US$ 580 bilhões sob administração, vê oportunidades no país no médio e longo prazos. O mercado tem reagido de maneira exagerada à perspectiva de desaceleração econômica nos Estados Unidos, aponta o diretor e gestor de portfólio da Principal Global Investors, Marc Dummer, gestora de recursos americana com US$ 580 bilhões sob administração.
  • O cheque encolheu: o novo normal dos fundos de venture capital – O discurso da maioria dos fundos de ventures capital às startups de seu portfólio é de que agora é a hora de apertar o cinto e preservar caixa para evitar a espiral da morte, um termo que está quase virando uma mantra desse momento em que a maré está baixando.

R.I.P. múltiplosJULHO

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

  • IPOs devem voltar a ganhar fôlego em 2023 – Após um ano de seca no mercado de capitais, que não registrou nenhuma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), bancos de investimentos começam a fazer suas projeções para 2023 e veem espaço para cerca de 40 operações, incluindo também ofertas subsequentes (“follow-ons) e venda de lotes de participação de companhias na bolsa (“block trade”).
  • Bancos de investimento projetam 40 ofertas de ações em 2023 – Em um ano marcado pela volatilidade no mercado de capitais, com uma das eleições mais polarizadas da história recente do Brasil e um ambiente internacional com guerra e a maiores taxas de inflação nas principais economias do mundo, as empresas evitaram entrar na bolsa em 2022.
  • Incerteza sobre juros pode adiar volta de ofertas de ações em até dois trimestres – Expectativa do Morgan Stanley é que aberturas de capital ganhem força na segunda metade de 2023. A incerteza sobre o que o Banco Central fará com a taxa básica de juros em 2023 – com algumas casas falando até na possibilidade de novas altas em decorrência do risco fiscal maior – pode atrasar a volta das aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês) em até dois trimestres, calculam banqueiros na Faria Lima.

Todas essas percepções desaguaram na queda dos negócios de fusões e aquisições apurados em 2022. No post TOP 10 Brasil – As 10 maiores Fusões & Aquisições em 2022 já evidencia a redução expressiva dos investimentos em M&A neste ano.

À medida que 2023 está chegando, não se pode desconsiderar que o mercado de fusões e aquisições continuará sendo afetado pelas incertezas econômicas e volatilidade do mercado.  Todavia, pode-se sim vislumbrar que a janela dos IPOs irá ocorrer ao longo do ano, que as diretrizes econômicas do novo governo reduzirão muitas das incertezas, e que os investidores externos incluirão o Brasil no seus radares prioritários, além do fato de que as empresas brasileiras continuam baratas.

Nesse sentido, podemos esperar um 2023 promissor com a  retomada do crescimento dos negócios de fusões e aquisições. O gráfico abaixo, com o volume de transações realizadas na última década nos estimulam ser otimistas. Por Ruy Moura – Portal Fusões & Aquisições em 31/12/2022

M&A no Brasil 2013 a 2022