Depois que o Itaú exerceu a opção de compra de mais 11,36% na XP há duas semanas, investidores começaram a abordar o banco e a XP diretamente sobre uma potencial compra dos papéis. O Pipeline apurou que um dos interessados que tem estreitado conversas com a XP é a americana Charles Schwab.

Ao Itaú, ter um comprador para um montante relevante facilitaria e agilizaria a saída que o banco pretende fazer — a princípio, isso se daria de forma gradual (já foram dois block trades desde o ano passado). Mas um terceiro interessado também pode adquirir as fatias em bolsa diretamente, sem tratar com o banco. O Itaú afirma que não está em contato com a Schwab.

A XP tem todo interesse em azeitar a conversa com a Schwab, colocando um novo sócio estratégico que ocupe o lugar que o Itaú tinha em seu capital, disseram as fontes. A companhia americana foi a inspiração da brasileira para se transformar em plataforma de investimentos de varejo. Não é a primeira vez que XP e Schwab se aproximam. A americana chegou a avaliar um aporte na companhia de Guilherme Benchimol anos atrás, mas o tamanho do negócio ainda não fazia sentido para a Schwab.

Uma fonte diz que, apesar de o vendedor ser o Itaú, a XP tem se engajado diretamente nesse assunto para um desfecho que faça sentido para a companhia no longo prazo – afinal, o interesse é dela, e não do vendedor e concorrente.

Leia também demais posts relacionados a Instituições Financeiras no Portal Fusões & Aquisições.

Schwab avalia fatia do Itaú na XP

A empresa de Benchimol disse, na semana passada, que ia avaliar ser a compradora da posição do Itaú. Com um programa de recompra de ações de até R$ 1 bilhão anunciado hoje, encontrar um sócio no mercado é uma maneira mais econômica e bem mais estratégica de fazer isso. Daí a aproximação direta com a Schwab, ainda incipiente.

A XP iniciou a expansão internacional do varejo, com um projeto de contas internacionais de investimentos no exterior— para o público private, já dá acesso a produtos por meio de escritórios em Nova York e Genebra, por exemplo. Uma Schwab em seu conselho pode ser um diferencial e tanto para explorar esses mercados.

“Tem interessados procurando a XP e abordando o Itaú. Falta colocar à venda”, diz outra fonte, que não quis citar nomes de investidores. A eventual venda pelo Itaú é uma janela para investidores com visão de longo prazo comprarem uma posição relevante na XP num preço descontado — a companhia segue em crescimento operacional, mas a ação saiu de US$ 27 no IPO, em dezembro de 2019, para atuais US$ 18,95.

Hoje, a XP deu outro passo nessa globalização do negócio. A ação da XP chegou a subir quase 7% com o anúncio nesta manhã da XTAGE, uma plataforma de negociação de ativos digitais em parceria com a Nasdaq Market Technology, do grupo que opera a bolsa americana de tecnologia. Agora, opera em alta de 4,95%.

Procurada pelo Pipeline, a Charles Schwab disse que “não comenta rumores de mercado e especulações”.

A XP é avaliada em US$ 10,8 bilhões na Nasdaq. A Schwab vale US$ 123 bilhões… leia mais em Pipeline 12/05/2022