A retomada das ofertas de ações de novas empresas na Bolsa, esperada para o ano que vem, não deve ser um passeio no parque como muitos no mercado querem acreditar. Com juros ainda em alta nos Estados Unidos e investidores mais seletivos em todo o mundo, será preciso um bom nome, capaz de emplacar ofertas acima de R$ 1 bilhão, para atrair compradores, na opinião do responsável pelo banco de investimento do JP Morgan no Brasil, Pedro Juliano. Não só a B3, mas Nyse e Nasdaq passam por um jejum de novas ofertas e queda no valor das ações negociadas, que já deixaram muitos investidores machucados. Este ano pode ser o pior para as ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) nos EUA em duas décadas.

Mercado do EUA tem de voltar antes

Para que os IPOs voltem a acontecer no Brasil, além de boas notícias na economia doméstica e em relação à inflação nos Estados Unidos, há uma sequência necessária de retomada em vários mercados. O primeiro, é claro, é o norte-americano, normalmente principal referência para que as estreantes sejam bem-sucedidas na bolsa brasileira.

Só IPOs acima de R$ 1 bi tendem a ter sucesso em 2023

Fundos de emergentes estão parados

Além disso, é preciso que os fundos que compram papéis mais arriscados nos EUA (‘high yield”) voltem a demandar ações lá e em seguida os voltados a emergentes façam o mesmo movimento. Com isso, as ofertas subsequentes (follow-on) podem ser destravadas – e os IPOs começarem a andar.

Com a bolsa brasileira barata e muitas oportunidades no mercado de ações global, a barra é alta para IPOs de sucesso e para que aconteça um mercado mais robusto dessas ofertas no ano que vem”, diz Juliano. Segundo ele, as ofertas terão de ser maiores, da casa de R$ 1 bilhão para cima, e ter bons nomes, para atrair bolsos mais fundos, como de investidores de longo prazo estrangeiro, e dar conforto aos investidores locais para embarcarem nas novas ofertas.

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O prognóstico não chega a ser pessimista. Uma análise dos últimos 20 anos mostra que, em todo ano pós eleitoral, o mercado tende a melhorar em número de operação e em receitas para os … leia mais em Estadão 14/10/2022