Com base em estudos genéticos é possível saber quais medicamentos podem ser mais ou menos eficazes para determinados pacientes, colaborando para uma melhor estratégia no combate a doenças. Foi com o objetivo de aprimorar modelos de diagnóstico e tratamento que os cientistas Leonardo Teixeira e Jason Springs fundaram a Endpoint Health, biotech que trabalha com medicina de precisão. A startup anunciou com exclusividade a PEGN que recebeu um investimento do fundo de corporate venture capital do Hospital Albert Einstein, sob gestão da VOX Capital.

A parceria de Teixeira e Springs é de longa data. Antes da criação da Endpoint, ambos já tinham fundado uma empresa de biotecnologia chamada GeneWEAVE Biosciences, que trabalhava com o fornecimento de kits rápidos de diagnósticos bacterianos, identificando organismos resistentes aos antibióticos. Em 2015, a companhia foi vendida para a farmacêutica Roche por cerca de US$ 425 milhões.

Após a venda, os cientistas trabalharam por dois anos na companhia, ajudando na integração dos negócios. “Depois ficamos um ano trabalhando em aceleradoras e criamos um pequeno fundo de investimento, aportando em algumas empresas e auxiliando empreendedores”, relembra Teixeira.

Startup atrai fundo do Einstein
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Em 2019, eles decidiram criar a Endpoint Health, com sede no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Nessa nova empreitada, o objetivo foi unir ferramentas de diagnóstico e inteligência artificial para direcionar o melhor uso de terapias. “Na primeira empresa já sabíamos que o futuro seria uma aquisição. Agora a ideia é começar com pilares para que seja uma grande farmacêutica”, diz Teixeira.

Aproveitando a experiência da GeneWeave, que era focada no diagnóstico de pacientes com sepse – doença inflamatória grave, geralmente causada por bactérias –, eles começaram a pensar em uma nova abordagem. “Vimos que ao eliminar o agente causador da doença os pacientes não tinham nenhuma terapia. A única terapia era dar antibiótico e mantê-lo vivo. Nosso objetivo é mudar isso. O insucesso do desenvolvimento de novas terapias é tratar como uma doença algo que é uma síndrome”, explica Teixeira. Segundo ele, o que a Endpoint propõe é avaliar os dados clínicos e o sequenciamento genético dos pacientes cruzando as informações com tecnologias existentes.

“Temos cientistas e uma plataforma que roda e faz essas análises. Nos casos de sepse, temos biomarcadores [moléculas que indicam o estado fisiológico de um organismo]. Após coletar o sangue do paciente, colocar em uma plataforma de teste, rodar e identificá-los, podemos estratificar em grupos as pessoas”, afirma Teixeira.

A propriedade dos marcadores é da própria startup, e os diagnósticos são realizados em parcerias com laboratórios. “Portanto, temos a parte de ciência de dados no nosso pipeline. Depois da descoberta dos grupos de pacientes, nós vamos para a plataforma de diagnóstico analisar qual o melhor para cada doença. No caso de doenças agudas, precisamos de teste rápido. Nós identificamos um teste que dá o resultado por volta de uma hora para nossos biomarcadores. Se for em doenças crônicas, temos mais opções”, conta Teixeira.

Outra estratégia do negócio é atuar na parte farmacêutica, validando e pesquisando medicamentos. Para sepse, segundo Teixeira, a biotech participa de um estudo coordenado pelo HCor com 400 pacientes, já em fase final. Em fevereiro, a startup anunciou uma parceria com a Grifols, farmacêutica espanhola, para pesquisa de um tratamento à base de proteínas plasmáticas com Antitrombina III (AT-III), visando ajudar pessoas com sepse que têm problemas de coagulação. O tratamento está em processo regulatório submetido ao Food and Drug Administration (FDA), órgão dos Estados Unidos semelhante à Anvisa. “Quando o teste iniciar, além dos US$ 52 milhões que levantamos [anteriormente, em uma rodada série A], a Grifols também vai participar com US$ 25 milhões”, afirma Teixeira. O foco, diz ele, é utilizar os investimentos para ampliar o portfólio em busca de novos medicamentos e acelerar seus desenvolvimentos… leia mais em PEGN 05/08/2022