Com experiência de mais de 15 anos no setor de esportes, Rafael Mangabeira, 43 anos, percebeu que a forma com que as empresas queriam se comunicar com os torcedores e fãs de esportes havia mudado. Ao mesmo tempo, notou que não existia um lugar que concentrasse esses dados para que os hábitos destas pessoas pudessem ser mais conhecidos. Foi então que, com Sebastian Baudry, fundou a FanBase. Por meio da startup, clubes, marcas, atletas e ligas podem acessar dados agregados dos seus fãs, que têm uma conta única dentro da plataforma. Mark Pinheiro também é sócio do negócio.

Operando desde 2020 por meio de bootstrapping, a startup anuncia a sua primeira captação, de R$ 1 milhão, liderada pela DOMO Invest e com participação da Bossa Nova Investimentos. O dinheiro será usado especialmente em tecnologia. Atualmente, a empresa tem 13 pessoas no time, e a expectativa é fechar 2023 com 35 colaboradores.

Formado em Administração com pós-graduação em Marketing Esportivo, Mangabeira já passou por diversas empresas, entre elas a Fifa e o italiano Juventus Football Club. Logo antes de fundar a FanBase, ele trabalhava como head de novos negócios do Corinthians. “Eu era responsável por toda a estratégia de parcerias comerciais, primeiramente da Arena Corinthians e, depois, do próprio clube”, afirma. Foi então que, em 2016, ele percebeu uma mudança na forma em que as marcas patrocinadoras estavam se posicionando. “Dez anos atrás, uma empresa patrocinava um clube de futebol apenas para ter o seu nome exposto na camisa do time para aparecer na televisão”, diz o empreendedor.

Startup FanBase que agrega dados de fãs de esportes
Imagem/FanBase

No entanto, Mangabeira notou que as organizações estavam mais preocupadas em se conectar com os fãs dos esportes e, para isso, precisavam de dados para conhecê-los — especialmente seus hábitos de consumo. Então, ele começou a pensar em como poderia ajudar as marcas neste processo.

“Criamos uma solução que entende cada torcedor como um indivíduo único”, afirma o empreendedor. Ele explica que um clube de futebol se relaciona com todo o público por meios de contato distintos. “Por exemplo, o torcedor cadastra todos os seus dados em um site para comprar um ingresso de um jogo. Mas, para comprar uma camiseta do time, ele acessa outro sistema, de outro parceiro, e cadastra os dados novamente. Ou seja, o torcedor se relaciona com o time por meio de contatos diferentes, e o clube de futebol não sabe o que ele fez porque esses dados ficaram no sistema de terceiros”, explica.

Então, o que a startup faz é criar uma conta única para cada torcedor, reunindo todos esses dados para criar uma ID para acessar os serviços e produtos das empresas parceiras. Assim, é possível acompanhar a jornada de cadastro e consumo dos indivíduos e, portanto, conhecê-los melhor. “Os clubes conseguem entender, por exemplo, saber quanto cada torcedor gastou com o time ao longo de ano considerando todos os serviços do ecossistema”, afirma.

Para isso, explica Mangabeira, as empresas assinam contratos com os clubes esportivos (no momento, os clientes finais da FanBase) permitindo que os clientes consumam seus serviços com a conta única criada pela startup.

A FanBase iniciou a operação no primeiro semestre de 2020, com oito meses focados no desenvolvimento da plataforma. Em 2021, iniciou a busca por clientes. “Tivemos a felicidade de fechar clientes importantes muito rapidamente, como a Confederação Brasileira de Basquete, Stock Car e Confederação Paulista de Futebol”, afirma. Dois motivos colaboraram para o sucesso rápido, acredita o empreendedor. O primeiro é que os fundadores já tinham passagem pelo mundo do esporte — e tinham alguns contatos para acessar mais facilmente o mercado. A outra razão é que eles estavam oferecendo uma solução para um problema que é muito claro dentro do setor, diz Mangabeira.

E este valor foi observado por Franco Portillo, gestor da DOMO Invest. “Do ponto de vista para investir, reconheci que existe um mega mercado consumidor desconhecido, e a startup seria capaz de metrificar esse mercado e dar a oportunidade para as empresas venderem para esses fãs”, afirma. A aproximação entre a startup e a DOMO Invest ocorreu durante um pitch da Fanbase do Arena Hub, em abril deste ano.

O valor do investimento será utilizado para acelerar o crescimento do negócio. … leia mais em PEGN 14/12/2022