Segundo um estudo realizado pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), a área de eventos gera uma movimentação anual de R$ 270 bilhões, nas mais de 590 mil atividades que promove a cada ano no Brasil. Porém, a pesquisa também aponta que o setor foi um dos mais afetados pela pandemia de covid-19, cerca de 97% das empresas do setor foram impactadas negativamente com as restrições, deixando de faturar em média R$ 230 bilhões em 2020 e 2021.

O mercado de eventos pós-pandemia ainda não possui dados claros, mas durante a pré-pandemia, o mercado de eventos corporativos gerou cerca de R$ 200 bilhões. O setor está em ascensão, o que significa que empresas tradicionais ou de tecnologia, precisam aproveitar o momento. Para entender melhor sobre o mercado de eventos pós-pandemia, o Startupi conversou com Eduardo Frezarin, cofundador da Yazo, plataforma de gerenciamento e digitalização de eventos com foco no engajamento de seus participantes.

Eduardo – que desde criança possuía interesse em empreender – é formado em tecnologia na área de telecomunicações. Ele percebeu que as empresas e organizadores de eventos possuíam uma grande concorrência quando se tratava de prender a atenção dos participantes: os smartphones. Ele notou que as pessoas ficavam muito no celular e viu isso como uma oportunidade de usar a tecnologia a seu favor, criando uma ferramenta de engajamento dentro dos celulares. Ele conta que a Yazo nasceu com o intuito de resolver esse problema: “os eventos que não estão se digitalizando, usando ferramentas inovadoras, estão perdendo cada vez mais a atenção do público fazendo com que as palestras fiquem cada vez mais vazias”.

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A Yazo surgiu em 2015 Londrina, no Paraná. A empresa é um spin-off do Grupo Frezarin, empresa de locação de equipamentos audiovisuais para eventos. Eduardo conta que o ecossistema de startups na região possui bastante recurso e é impulsionado pelo Sebrae, além de iniciativas de inovação estruturadas por instituições privadas, poder público e sindicatos. Além disso, existem comunidades que ajudam na evolução das startups, como é o caso da Red Foot — comunidade de startup do Paraná que a Yazo faz parte. “ Em todos os eventos de inovação a comunidade se envolve, atraindo mais atenção para a região, ela cuida da organização, programação e divulgação. Os membros também participam de grupos de WhatsApp, onde as startups ficam conectadas e por dentro das novidades do ecossistema”.

Frezarin conta que não teve mentor na hora de criar a Yazo, mas um Hackathon — evento que reúne programadores, designers e outros profissionais ligados ao desenvolvimento de software para uma maratona de programação —, em 2017 que ocorreu em São Paulo, ajudou no processo. “O grande desafio do Hackathon foi como os organizadores conseguiriam engajar mais o público no evento. Quando eu vi essa chamada, pensei que isso tinha muito a ver com a Yazo. No final das contas, vencemos e ficamos em primeiro lugar nesse programa e isso nos deu muita visibilidade, porque esse evento foi feito para organizadores de eventos”.

O CEO também comentou sobre o investimento que recebeu da Bossanova Investimentos: “Participamos de uma outra competição de startups, chamada Startup Challenge e neste evento o João Kepler, CEO da venture capital, nos conheceu. Em 2018 gerenciamos dez eventos pro Sebrae e em alguns deles Kepler foi palestrante, na ocasião ele viu a nossa ferramenta sendo utilizada e fez uma proposta de investimento, em 2019 o aporte foi oficializado”, o valor da transação não foi divulgado.

A Yazo funciona como um aplicativo – diferente para cada empresa, que reúne diversos pontos importantes, por exemplo, o mapa do evento para que as pessoas possam se localizar no local, além de toda a programação da cerimônia. O público alvo da startup são eventos corporativos, feiras, congressos e convenções, de médio e grande porte.

Além dessas funções básicas, dentro do aplicativo também há uma rede social, como o Facebook, onde todos os participantes podem postar fotos, curtir e comentar as postagens de outros participantes. As fotos postadas também podem ser exibidas no telão do evento em tempo real. Para que os participantes tenham acesso aos recursos, os organizadores cuidam da parte da divulgação da ferramenta.

A plataforma também possui gamificação, ou seja, quanto mais o participante interagir com o evento pelo aplicativo da empresa que está realizando a convenção, mais pontos ele vai acumulando. Esses pontos servem como um ranking dentro do app e os primeiros colocados são recompensados com meia hora de mentoria com algum palestrante, presença VIP em outros eventos, acesso a áreas restritas, entre outras premiações.

Evento presencial ou virtual? As lives continuarão em alta?

Segundo o CEO, as lives já foram extintas e a tendência é que o presencial domine o mercado novamente: “Acredito que as pessoas se cansaram de todos os eventos online porque passaram muito tempo só na frente do computador e por isso, o formato se tornou exaustivo. A tendência é que isso dê uma estabilizada, porque o online tem várias vantagens, como gastar menos tempo com deslocamento, além de redução de custos, ou seja, os participantes conseguem encaixar melhor um evento online na sua agenda do que o presencial”.

Ainda de acordo com o CEO, a tecnologia é um grande meio de inovação para a área de eventos, porque com ela é possível monitorar os indicadores da realização, como por exemplo, quantas pessoas passaram pelos stands, quanto tempo ficaram no evento, entre outros fatores. Facilitando assim o cálculo e a mensuração dos resultados do evento.

Sobre novas tecnologias para o setor, Eduardo comenta: “Entendemos o potencial do Metaverso, mas nós como Yazo acreditamos que os eventos dentro dessa realidade não irão ser mais cobiçados do que o presencial, devido a acessibilidade ainda ser dificultada pelo alto custo dessa ferramenta. Então, provavelmente daqui a alguns anos ele irá complementar o presencial, e não assumir o protagonismo”.

Eventos internacionais: plano de expansão da Yazo

Hoje, a base da Yazo está localizada em Londrina, mas a startup possui colaboradores nas cinco regiões do Brasil, devido ao seu modelo flexível de home office. “Os nossos principais clientes estão em São Paulo. Já realizamos alguns eventos internacionais, inclusive na área de agro, para uma empresa do Paraguai, além dela, gerenciamos um evento para Unilever de Londres, na Inglaterra”, comenta o CEO.

O faturamento da empresa nos últimos 12 meses foi de R$ 5 milhões. … saiba mais em Startupi 24/06/2022