A Suzano Papel e Celulose fechou toda estrutura de financiamento para compra da Fibria. Está totalmente pronta para o negócio, estimado entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões, conforme o Valor apurou. Votorantim e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) têm nas mãos uma proposta totalmente financiada.

A companhia da família Feffer, segunda maior do país no setor e pioneira da celulose de eucalipto no Brasil, receberá crédito de bancos americanos e europeus Citigroup, JP Morgan, Bank of America (BofA), BNP Paribas e Santander, segundo fontes diretamente envolvidas nas conversas.

A obtenção do crédito está baseada na capacidade de pagamento das companhias somadas. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somado de Suzano e Fibria, conforme consenso de analistas do site das empresas, é estimado em R$ 12,5 bilhões para este ano e R$ 13 bilhões para 2019. Esse total não inclui a expectativa de sinergia, da ordem de R$ 1,6 bilhão ao ano na linha do Ebitda adicionais com a junção.

Tomando como base que a dívida líquida das companhias somada é pouco maior que R$ 21 bilhões, o compromisso subiria para a casa dos R$ 60 bilhões após a aquisição. Levando em consideração as sinergias, a dívida líquida pós-aquisição equivaleria a 4,5 ou 5 vezes o Ebitda projetado mais as sinergias.

A definição da transação está, no momento, toda nas mãos do BNDES, cuja preocupação é se a Paper Excellence teria condições de fazer uma oferta mais atrativa pelo negócio. Contudo, até agora, o grupo indochinês, que assinou acordo de compra da Eldorado por R$ 15 bilhões, não apresentou uma oferta vinculante pela Fibria aos seus controladores, apenas indicação de preço.

Levando em consideração o histórico em Eldorado, a Paper Excellence costuma, quando propõe o negócio, colocar recursos na frente, pagos de imediato. Na Eldorado, por exemplo, no lugar de cartas garantias de crédito dos bancos, a empresa pagou 13% na frente, com o compromisso de concluir a compra de 100% no prazo de um ano. No momento, já detém 49,4% da Eldorado.

Desde quando a Asia Pulp and Paper (APP) quebrou em 2001, o grupo asiático passou a ser financiado por bancos chineses (ICBC e CDB) no lugar de tradicionais instituições comerciais globais. De um lado, esse fato dificulta a apresentação de ofertas seguras de antemão. Do outro, a parceria chinesa costuma significar surpresas para quem compete por ativos com o grupo.

A Suzano tem se esforçado para ser mais veloz que o grupo indochinês, que ainda não concluiu o pagamento da Eldorado, e tomando como base os moldes dessa transação, teria que levantar o dinheiro para pagar pelas ações da Fibria e ainda o pré-pagamento de cerca de R$ 12 bilhões em dívidas.

Procurada, a Suzano informou que não comentaria o assunto, assim como Votorantim. – Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 12/03/2018