Com uma população mundial de 7,7 bilhões de pessoas – e a previsão de que esse número suba para 9,7 bilhões até 2050 – produzir alimento suficiente e de forma sustentável tem sido a principal preocupação de instituições e líderes globais.

Não é à toa que, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em 2021 o PIB do agronegócio cresceu 9,4% em relação ao ano anterior e chegou a representar 29% de todo o PIB brasileiro. Ou seja, praticamente 1/3 de toda riqueza do Brasil vem do agro.

Hoje, não há nenhum outro setor da economia onde o Brasil seja tão grande e competitivo globalmente como o agronegócio. Para se ter uma ideia, o país já é TOP 1 ou 2 mundiais em produção e exportação de praticamente todas as commodities agrícolas: milho, algodão, soja, trigo, cana, café, cacau, citricultura, proteína animal e etc.

E engana-se quem pensa que esse crescimento tenha sido às custas de desmatamentos e aumento de área produtiva. Segundo o IBGE, o agronegócio ocupa apenas 7,6% do total do nosso território, sendo 218 milhões destes de área preservada.

Há 40 anos no Brasil, uma plantação de soja feita em 1 hectare de terra (10.000m2) rendia, em média, menos de 2 toneladas de grãos. Hoje, essa mesma área já produz 4 toneladas. Dobrar a colheita e crescer sem expandir área não é mágica do agricultor, mas sim reflexo da ferramenta que fez do Brasil líder mundial no setor: a tecnologia.

A próxima Big Tech está no campo

A revolução digital que vem acontecendo nos últimos anos atingiu todos os setores da sociedade, e o agro não ficaria de fora. Embrapa, Lavras, Viscosa e ITA são apenas algumas das instituições que fazem do Brasil um dos maiores polos tecnológicos do agronegócio no mundo. As chamadas agricultura e pecuária de precisão utilizam tecnologias de ponta para guiar tratores por GPS, detectar pragas na cana-de-açúcar usando drones e pesar o gado por foto, por exemplo.

“Antigamente, a terra era o principal fator para produção rural. Hoje mudou, os principais fatores são o capital e o conhecimento tecnológico. Você faz mais com o mesmo. Se você tem 500 hectares, em vez de 500 animais, coloca mil.”, explica Francisco Vila, economista e gestor.

São as novas tecnologias que permitem que o produtor desperdice menos agrotóxico, tenha menos perdas na produção, gaste menos dinheiro com manutenção e colha os produtos em tempo recorde, ou seja, extraia o máximo usando o mínimo de recursos.

AgTechs já movimentam mais de R$ 72 bilhões

É por conta disso que as chamadas AgTechs têm chamado tanta atenção no mercado. Consideradas a união do campo com a tecnologia, as startups do agro já somam 1.574 empresas, número 40% maior do que o registrado em 2019. Segundo a consultoria Market and Markets, o mercado de agricultura de precisão vale hoje R$ 72,2 bilhões, mas deve chegar aos US$ 20,8 bilhões R$ 116,4 bilhões em 2026.]

“Nesta década, notamos um intenso aumento de interesse de grandes e médias empresas agrícolas no consumo de tecnologias que reduzam custos operacionais e impactos ambientais, além de possibilitarem o consumo racional de insumos”, comenta Luiz Paviani Neto, diretor comercial da AGTech Agrotecnologia.

E a atenção e o interesse mundial de investidores para o setor Agtech vêm crescendo: os investimentos globais em agtechs estimados em US$6,4 bilhões em 2014 aumentaram para US$30,5 bilhões em 2020, um aumento de 476%.

Mas apesar do expressivo crescimento, o setor não está nem perto de atingir sua capacidade máxima. Com a previsão de que a população mundial ainda deva aumentar em 25% até 2050, a demanda por alimentos não deve diminuir tão cedo.

Mas apesar de tantas oportunidades de crescimento, o setor enfrenta um problema grave: o número de agronegócios que já estão digitalizados é de apenas 30% do total de propriedades. Ou seja, são mais de 3 milhões de fazendas que ainda não passaram pela transformação digital e, consequentemente, estão operando abaixo do seu potencial produtivo.

Uma oportunidade no campo, mesmo estando na cidade

Com essa quantidade enorme de propriedades disponíveis para passarem pelo processo de digitalização, você pode estar se perguntando: por que isso ainda não aconteceu?

E a verdade é que o Brasil enfrenta hoje a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada. As vagas são inúmeras, mas os produtores simplesmente não encontram pessoas capacitadas para implementar os projetos de novas tecnologias no agronegócio.

Segundo estudo da Agência Alemã de Cooperação Internacional, a estimativa é de que, em dois anos, existam 32,5 mil profissionais qualificados para 178,8 mil oportunidades. Ou seja, cerca de 5 vagas em aberto para cada profissional qualificado no mercado.

Neste momento, a maior demanda tem sido pelos chamados Agro Digital Managers, que são os profissionais responsáveis por entender a demanda do produtor e propor a solução tecnológica mais adequada para resolver esse problema.

Como o objetivo não é colocar a mão na massa e trabalhar no campo literalmente, o Agro Digital Manager não precisa ser formado em agronomia ou veterinária, muito menos morar no campo – sim, é possível exercer essa profissão morando na cidade. Pense nele como um coordenador de projetos digitais, que organiza um time de especialistas (como engenheiros e desenvolvedores) e garante que o negócio funcione da forma mais produtiva e sustentável possível…

Por isso, com o objetivo de ajudar a formar mais profissionais para suprir a demanda do setor, a EXAME preparou a Masterclass gratuita Carreira em Digital Agribusiness. .. Leia mais em indicesbovespa. 30/08/2022