O Ibovespa, que é o principal índice de ações no Brasil, deve seguir a tendência de renovação de recordes nos próximos meses. Ontem foi mais um — o terceiro consecutivo — e, na avaliação de analistas, ainda há espaço para uma valorização mais forte do índice, que deve encerrar no ano em, no mínimo, 78 mil pontos. Tudo isso apoiado na expectativa de confirmação da retomada do crescimento. Já uma consolidação do cenário eleitoral, com uma chance elevada de vitória de um candidato alinhado com a agenda de reformas econômicas, pode levar o índice a patamares ainda mais elevados: de 85 mil a 90 mil pontos, um ganho entre 14% e 20% em poucos meses.

Com o Produto Interno Bruto (PIB) ganhando força, sobe também o lucro das empresas, e, com isso, as ações se valorizam. Na visão de André Carvalho, estrategista do Bradesco, o país está no início de um ciclo de expansão que deve durar ao menos cinco anos.

— Os cortes nos juros, o controle da inflação e a expectativa de reformas puxaram o Ibovespa, que agora deve assumir uma trajetória mais suave, mas ainda de alta, em que dois temas vão predominar: eleições e recuperação da economia. Estamos no início de um período de crescimento do PIB e dos lucros que, na nossa opinião, vai ser muito longo — diz.

O cenário do Bradesco, revisado no último dia 5, elevou de 73 mil para 78 mil pontos o Ibovespa ao fim do ano. No entanto, a área de análise do banco avalia que há 80% de chances de vitória de um candidato reformista, e à medida que esse cenário começar a ficar mais claro, o alvo para o Ibovespa é atingir os 85 mil pontos.

— Traçamos um cenário de continuidade do ajuste fiscal e outro de interrupção. No de continuidade, temos um cenário benigno para o crescimento; no outro, uma trajetória de aumento da dívida e do risco. A questão fiscal está no coração dos desafios macroeconômicos do Brasil. Se aos poucos ganharmos confiança e acontecer algo que aumente as chances do cenário de continuidade, o Ibovespa pode chegar aos 85 mil pontos já no final de 2017 — explica Carvalho.

No caso da XP Investimentos, o alvo para o Ibovespa em 2017 já foi alcançado. Agora, a corretora avalia que até o fim do ano que vem é possível chegar aos 85.200 pontos. Mas ganha força o chamado “cenário ótimo”, em que a recuperação econômica ganha força e o Ibovespa atingiria os 90.800 pontos em dezembro de 2018.

— A expansão do lucro das empresas neste ano veio da despesa menor com juros. Daqui para frente, virá da expansão da economia, e vem crescendo a perspectiva de recuperação econômica. O boletim Focus, do Banco Central, já mostra isso, e também alguns indicadores — diz Marco Saravalle, analista da XP.

Ele ressalta ainda que a Bolsa também se beneficia dos juros menores — a Selic está hoje em 8,25% ao ano —, que estimulam a migração das aplicações da renda fixa para a variável.

Na avaliação de Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Corretora, um cenário positivo no exterior e a melhora dos riscos políticos também ajudam o Ibovespa. “Mantemos nossa estimativa de um Ibovespa perto de 90 mil pontos até o fim do ano, puxada pela manutenção da inflação baixa, pela queda dos juros, pela recuperação da atividade econômica e de cenário externo favorável”, afirma Silveira em relatório. – O Globo Leia mais em portal.newsnet 14/09/2017