Topaz faz quinto M&A no Brasil e tem caixa para outro nos Estados Unidos
Companhia de tecnologia para instituições financeiras, a Topaz acaba de fechar sua quinta aquisição em três anos e meio, aumentando sua carteira de produtos e receita à medida que se prepara para um IPO quando houver janela de mercado.
A empresa, que faz parte do Grupo Stefanini, comprou 60% da Info Solutions, que é especializada no desenvolvimento de software para avaliação de risco, gestão de recebíveis, comissionamento e auditoria de cotas – e tem como principais clientes gestoras de fortunas.
Como a Topaz já está em 25 países, a nova controladora quer levar os softwares também para o mercado internacional de wealth management em bancos ou casas independentes. “Não é participação de mercado ou carteira de cliente que movem nossas aquisições, mas complementariedade. A Info Solutions preenche uma lacuna em nossas ofertas”, diz Jorge Iglesias, CEO da Topaz, ao Pipeline.
A adquirida tem Banco Alfa e UBS entre os clientes e os fundadores, Paulo Domingues e Danilo Cararo, vão continuar à frente do negócio. Outros M&As já estão no radar da Topaz, que quer uma transação nos Estados Unidos, onde a expansão orgânica tem sido mais desafiadora e pode ser impulsionada como uma operação local já existente. Para fazer diferença, a Topaz estima que o alvo deve ter ao menos US$ 50 milhões em receita, o que aponta para uma transação acima de US$ 100 milhões.
“Estamos mapeando o mercado, começamos um road show com os bancos americanos para apresentar a companhia, nossa capacidade financeira, portfólio, para que a gente possa fazer a ponte com as empresas e ter uma aquisição no ano que vem”, conta Bruno Caloi, diretor de M&A do Grupo Stefanini.
As aquisições e o crescimento orgânico têm feito o ritmo de crescimento da Topaz ficar entre 20% e 30% ao ano – com EUA, Iglesias avalia que pode saltar para 40%. A empresa deve atingir o primeiro bilhão em faturamento no ano que vem, e representa hoje 10% do grupo Stefanini e, em 2019, representava apenas 1%. O grupo tem R$ 8 bilhões de receita, com margem líquida de 16% e 38 mil colaboradores.
A Topaz usa geração de caixa para suas estratégias de expansão – a compra da Info Solutions foi com a própria geração – mas também tem suporte do caixa da Stefanini. Ao todo, o grupo fez 15 M&As nos últimos anos. No caso da Topaz, as aquisições anteriores (três no Brasil e uma na Colômbia) resultaram em aumento de margem, destaca Caloi, com absorção de cultura e ganhos de produtividade, o que facilita o pleito de Iglesias no conselho por novas verbas. “Na medida que está indo bem, o apetite do controlador para alocar capital na Topaz continua muito forte”, diz Caloi.
Metade da carteira da Topaz, que soma 300 instituições financeiras, está no exterior, mesma proporção de receita. Pelas características do negócio, a Topaz vai ser a primeira companhia do grupo a abrir capital, uma definição já tomada pelo controlador, o fundador Marco Stefanini. A Topaz chegou a fazer uma tentativa de IPO em 2022 em Nova York, mas com uma mudança de humor de mercado acabou não se listando. “Por sorte, não aconteceu”, diz Iglesias, referindo-se à volatilidade dos papéis de empresas que se listaram naquela época, a maioria delas com forte desvalorização desde então.
Se antes a listagem em bolsa americana já era uma definição, a companhia considera hoje a possibilidade de uma listagem na bolsa brasileira. Nesta semana, a companhia teve rodadas de conversas com gestores brasileiros, numa conferência promovida pelo Itaú BBA. O “guardião do Itaú”, aliás, que protege os acessos no internet banking, é uma solução da Topaz.
“A companhia tem um crescimento alto, uma tese que faz sentido para os investidores, com tecnologia própria e atuação cada vez mais global. Para a Topaz, a listagem pode ajudar a melhorar ainda mais processos e profissionalização, exposição de marca, atração de talento, além de mais uma moeda de troca em aquisições”, diz o CEO. “Como companhia que trabalha com solução de missão crítica, com todo o background dos bancos, a abertura de capital também aponta para os nossos clientes quanto à continuidade, longevidade da companhia.”.. leia mais em Pipeline 06/09/2024