País lidera pelo segundo ano a lista de mercados com maior potencial de investimento, seguido por Chile, China e Uruguai

 A crise internacional mudou o mapa dos mercados em desenvolvimento com maior potencial para atrair investimentos estrangeiros para o varejo. Países da América Latina e do Oriente Médio aparecem entre os 30 mercados mais atraentes, revela a edição deste ano do ranking feito pela consultoria americana A. T. Kearney.

 Por dois anos seguidos, 2011 e 2012, o Brasil lidera a lista dos mercados com maior potencial de investimento, seguido, neste ano, pelo Chile, China e Uruguai. “A participação da América Latina e dos países do Oriente Médio é forte”, diz Esteban Bowles, sócio da consultoria e líder da prática de Varejo e Bens de Consumo na América Latina. 

Ele destaca que, neste ano, sete países no ranking de 30 são latino-americanos. Além do Brasil e do Chile, estão na lista dos latinos Uruguai, Peru, Colômbia, Panamá e México. Já Emirados Árabes, Omã, Kuwait, Arábia Saudita, Jordânia e Líbano engrossam a relação do países do Oriente Médio.

 O executivo explica que esses mercados de consumo ganharam relevância porque a crise nas economias desenvolvidas acabou tendo reflexos nos países do leste europeu, que apresentaram sinais de saturação no consumo.

 Um exemplo desse movimento é o que ocorreu com a Rússia. No ranking de 2011, o país ocupava a 11ª posição na lista dos países em desenvolvimento mais atraentes para investimentos no varejo. Na relação deste ano, a Rússia está em 26º lugar, caindo 15 posições, exemplifica Bowles. Movimento semelhante ocorreu com Polônia e República Tcheca.

 Calculado desde 2001, o indicador avalia, a cada ano, as condições de um grupo de 30 países em desenvolvimento para atrair investimentos de redes varejistas estrangeiras que já atuam em mercados maduros. Participaram da última pesquisa 185 países em desenvolvimento.

 O consultor explica que são avaliadas 25 variáveis de cada país, reunidas em quatro grupos: atratividade do mercado, risco econômico e político, saturação do mercado e em quanto tempo novos players estarão presentes na região.

 Bowles ressalta que são levadas em conta variáveis macroeconômicas e também dados setoriais e de empresas. O ranking de cada ano é elaborado com base em informações coletadas no ano anterior. 

Consumo. 
No caso do Brasil, que se manteve na liderança da lista pelo segundo ano, os fatores que mais contribuíram para o País ter permanecido no topo foram os indicadores de baixa saturação de mercado e potencial de consumo, diz o consultor.

 Segundo a pesquisa, o tamanho do mercado varejista brasileiro aumentou15% no ano passado e os gastos com consumo têm crescido 9% ao ano desde 2007. “O crescimento da nova classe média brasileira continua impulsionando o desenvolvimento do setor varejista”, diz Bowles.

 Mas ele acrescenta que o varejo de luxo vem ganhando força no Brasil e em outros países da América Latina, refletindo o melhoria de poder aquisitivo da população.

 Pessimismo. 
Nem mesmo a mudança no cenário macroeconômico brasileiro, com a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que cresceu só 0,2% em relação ao trimestre anterior, muda a expectativa favorável para o varejo brasileiro nos próximos quatro ou cinco anos, diz Bowles.

 Ele ressalta que o governo brasileiro tem uma política voltada para impulsionar o consumo e a demanda por meio do aumento do crédito e redução de juros. “Pode ter um ou outro ano não muito favorável, mas a tendência é positiva”, afirma o sócio da consultoria.

 Como exemplo de otimismo, ele destaca o fato de que, somente neste ano, serão inaugurados 40 shopping centers no País. Isso corresponde a mais de 1 milhão de metros quadrados de área de vendas.

 A pesquisa aponta quatro setores que estão entre os mais promissores no varejo brasileiro aos olhos dos investidores estrangeiros. São eles: eletroeletrônico, moda, beleza e móveis.

 Bowles explica que o setor de supermercados continua sendo o mais importante do varejo nacional, porém o consultor não acredita que ele irá atrair nos próximos anos novos investimentos estrangeiros.

 O motivo é que redes internacionais já estabelecidas aqui, como Walmart, Casino e Cencosud, por exemplo, depois de irem as às compras nos últimos anos, agora estão na fase de arrumar a casa e não devem fazer novas aquisições. Por MÁRCIA DE CHIARA
Fonte:O Estado de S. Paulo 11/06/2012