No Brasil, investimentos de venture capital e private equity atingiram R$ 10,71 bilhões no primeiro trimestre de 2021, alta anual de 88%

Quem acompanha as ofertas públicas iniciais nas bolsas de valores já sabe: a tecnologia começou a ganhar espaço entre os investidores, inclusive na brasileira B3. Antes de chegarem aos mercados acionários, os negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos costumam passar por captações privadas. Quem está por trás das apostas nas startups são fundos de venture capital e private equity.

A indústria do capital de risco cresceu no último ano, marcado pelas restrições ao convívio social e pela adoção acelerada de soluções digitais. O movimento continuou no primeiro trimestre de 2021. O InfoMoney coletou dados que mostram que as startups bateram recordes de investimentos por venture capital e private equity tanto no mundo quanto no Brasil (veja mais abaixo).

Para entender se essa aposta nas startups brasileiras vai continuar acelerada, o InfoMoney também ouviu diversos players de capital de risco: ACE, Astella, Bossanova, Fuse Capital, Invisto, Iporanga Ventures, Maya Capital, NXTP, Redpoint eventures e Start Me Up (SMU).

Para esses investidores, a aposta na digitalização já vinha acontecendo por empreendedores e fundos – mas ganhou uma adoção mais generalizada de consumidores, investidores, grandes empresas e governos durante a pandemia. O cenário deve continuar otimista durante os próximos trimestres, especialmente em um país com tantos desafios (e oportunidades). Porém, isso gera competição ainda mais acirrada entre os próprios fundos de venture capital e private equity pelos melhores empreendedores.

Venture capital e private equity globais

A base de dados Crunchbase registra que o investimento global em capital de risco atingiu US$ 125 bilhões durante o primeiro trimestre de 2021. Esse é uma alta de 50% sobre o quarto trimestre de 2020, e um salto de 94% sobre o primeiro trimestre de 2021. Foi um recorde de funding para startups – a primeira vez em que a captação global bateu a marca de US$ 100 bilhões em um trimestre.

Os unicórnios foram responsáveis por US$ 57,9 bilhões, quase metade, desse valor captado. Cerca de dois novos unicórnios, startups avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão, foram criadas por dia útil no primeiro tri de 2021. O primeiro trimestre deste teve a adição de 112 novos unicórnios para a base do Crunchbase. Em 2020, o ritmo era bem menor: o mundo recebia um novo unicórnio a cada dois dias úteis.

Na separação por estágio de investimento, as rodadas sementes acumularam US$ 4,1 bilhão no trimestre. Foi uma queda leve de 2,4% sobre o valor visto no quarto trimestre de 2020, mas uma alta de 5,1% na sobre o primeiro trimestre de 2021 (anual). Os investimentos de série A e B (estágio inicial) tiveram alta no período, com US$ 35,5 bilhões (+45% trimestre, +63% ano). Por fim, os investimentos de série C em diante (estágio avançado) também tiveram recorde e alcançaram US$ 85,6 bilhões (+56% trimestre, +122% ano).

Em termos de setores, o Crunchbase destaca saúde, serviços financeiros, transporte e varejo em volume captado.

Venture capital e private equity no Brasil

A Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) e a consultoria KPMG divulgaram dados de captação, investimentos e desinvestimentos dessas indústrias no país durante o primeiro trimestre de 2021.

Os investimentos de venture capital e private equity atingiram R$ 10,71 bilhões no primeiro trimestre deste ano (cerca de US$ 2 bilhões na cotação atua). Foi uma alta de 88% sobre os R$ 5,7 bilhões do primeiro trimestre de 2020.

O investimento médio por empresa também cresceu. Em venture capital, foi de R$ 58 milhões para R$ 139,8 milhões. Em private equity, de R$ 183 milhões para R$ 277 milhões. Os setores preferidos para investimento foram serviços financeiros, TI, comunicação/mídia, saúde/estética e varejo/shopping centers.

A Distrito, plataforma de inovação aberta, apresentou resultados similares no primeiro trimestre de 2021 e fez uma separação por estágio de investimento. Foram US$ 1,91 bilhões captados no período: US$ 2,5 milhões em investimento anjo; US$ 6 milhões em aporte pré-semente; US$ 42,7 milhões em aporte semente; US$ 140 milhões em série A; e US$ 1,6 bilhão em série B em diante.

Em termos de setores, a Distrito destacou serviços financeiros (US$ 425,9 milhões), mercado imobiliário (US$ 222,5 milhões), varejo (US$ 295,7 milhões), educação (US$ 222,5 milhões) e logística (US$ 214,6 milhões).

Pandemia, liquidez e juros baixos

O InfoMoney conversou com gestores de capital de risco para entender os números mundiais e brasileiros sobre venture capital e private equity. A primeira conclusão é unânime: a pandemia de fato aumentou o interesse não apenas por compras digitais, mas por startups como negócio e como investimento.

“Momentos disruptivos, como crises econômicas e pandemia, geram mudanças relevantes nos nossos hábitos e necessidades – consequentemente, favorecem o surgimento de soluções inovadoras para resolver as novas dores”, analisa Mônica Saggioro, cofundadora da MAYA Capital. O fundo de venture capital aportou em empresas como Alice, Gupy e The Not Company.

“Nos Estados Unidos, as empresas de tecnologia foram as que criaram maior valor econômico e na sociedade ao longo dos últimos 20 anos. Agora, vivemos a vez de ver essa transformação acontecer aqui no Brasil”, completa Daniel Chalfon, sócio da Astella Investimentos. A Astella investiu em negócios como Omie, Resultados Digitais e Sallve… Leia mais em infomoney 10/05/2021