Pouco ativa em M&As no Brasil, a americana Visa encontrou um ativo que pode mudar essa estratégia. A companhia fez uma proposta de aquisição da brasileira Pismo, plataforma de processamento de serviços bancários e pagamentos em nuvem, e disputa o negócio com ao menos mais um interessado, apurou o Pipeline.

Essa já é a segunda oferta da Visa pela Pismo, já que a primeira foi recusada pelos sócios da plataforma. A Visa tinha oferecido US$ 1 bilhão pelo negócio e subiu a proposta para US$ 1,4 bilhão (cerca de R$ 7,3 bilhões no câmbio atual), disseram duas fontes.

Investida da Amazon e Softbank, a Pismo vem seguindo um caminho de expansão global, com operações mais recentes em Cingapura e Índia. No Brasil, a companhia é a infraestrutura em nuvem de bancões como Itaú, BTG+, a plataforma de varejo do Pactual, e parte da operação do Citi, além da B3 e de fintechs como o alemão N26.

A plataforma processa 74 milhões de contas, número que é 30% maior do que seis meses atrás, e 38 milhões de cartões. A companhia foi fundada por Ricardo Josua, hoje CEO, por Juliana Motta, que é a chefe de produtos (CPO), Daniela Binatti, que comanda a tecnologia (CTO) e pelo vice-presidente de engenharia Marcelo Parise.

Visa faz oferta de US$ 1 4 bilhão pela Pismo

A aproximação da Visa não é repentina. Além da relação comercial com a Pismo, a americana já conhecia bem uma outra empresa em que Josua foi cofundador. A Conductor (depois rebatizada de Dock), foi a primeira aquisição de participação minoritária feita pela Visa no Brasil, numa transação em 2018, quando ele já tinha saído para montar a Pismo.

Depois disso, a Visa passou a se concentrar mais num programa de aceleração que não envolve equity. Aquisições de companhias inteiras é algo raro no histórico.

Uma fonte diz que a Pismo continua numa toada de crescimento que deixou de ser a realidade para a grande maioria das startups, por isso atrai fundos e multinacionais mesmo no cenário global e local chacoalhado por juros e pela quebra do Silicon Valley Bank.

Em outubro de 2021, a Pismo fez uma rodada série B liderada pelo Softbank, captando US$ 108 milhões. À época, a companhia não divulgou o valuation, mas estima-se no mercado algo na casa de US$ 600 milhões a US$ 700 milhões. A rodada anterior tinha sido de apenas US$ 10 milhões no ano em que a empresa foi criada, em 2016.

Além do fundo de origem japonesa e da gigante americana de ecommerce, a rodada também marcou a entrada de investidores como Accel, a cliente B3, Falabella Ventures e PruVen. Headline e Redpoint eventures, que já estavam na base de acionsitas, acompanharam o aporte.

Procuradas pelo Pipeline sobre a negociação, Pismo e Visa não comentaram… leia mais em Pipeline 24/03/2023