A Vivo acaba de anunciar a criação de seu primeiro corporate venture capital (CVC) para alocar R$ 320 milhões em startups nos próximos cinco anos. O montante faz do Vivo Ventures um dos maiores CVCs do país.

A companhia prevê um investimento em 12 a 20 startups, com tíquetes na casa de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, numa média de alocação de R$ 60 a 80 milhões por ano.

“Queremos ter participações próximas a 20%, então a startup tem que ter um tamanho suficiente no pre-money para nosso cheque representar esse percentual”, disse Christian Gebara, presidente da Vivo, ao Pipeline. Na média que a companhia projeta, a startup deve ter um valuation pre-money na casa de R$ 100 milhões.

A Vivo começou a discutir internamente e formatar o fundo ao longo dos últimos seis meses, parte da estratégia da casa de “digitalizar para aproximar”, como diz o mote institucional. “Isso significa não ser só a estrutura de conexão, mas também ser um ecossistema digital”, diz o CEO.

Até agora, os investimentos da Vivo em startups eram feitos por meio da Wayra, o hub de inovação do grupo Telefônica. No Brasil, a Wayra investiu cerca de R$ 25 milhões em uma década, com 30 startups no portfólio.

Leia também demais posts relacionados a corporate venture capital no Portal Fusões & Aquisições.

Vivo cria fundo

“Diferentemente do Vivo Ventures, esses foram investimentos pré-seed e seed, com tíquete médio de R$ 1,5 milhão. Agora podemos entrar em rodadas série A ou B de empresas que passaram por esse seed”, exemplifica Gebara.

Um atrativo para as investidas, além do capital, é o acesso ao ecossistema da Vivo, ressalta o CEO – a gigante de telecom tem mais de mais de 100 mil acessos na base, 1,7 mil pontos de venda e 20 milhões de usuários únicos no app, com média de 80 milhões de interações mensais.

Essa conexão rendeu às startups investidas da Wayra um faturamento de R$ 70 milhões em 2021 somente com a Vivo — a Gupy, por exemplo, é uma empresa de recrutamento que foi contratada pela investidora. “As companhias podem captar com outros fundos, mas poucos têm essa base de clientes, o volume de canais e o big data que temos”, diz Gebara.

A equipe da Wayra ficará responsável pela parte técnica do CVC e pelo fluxo de negócios para o fundo, que se interessa por soluções em finanças, saúde, educação, entretenimento, seja B2C ou B2B.

No Brasil, os fundos de VC corporativos já fizeram mais de 200 transações nos últimos 20 anos, num montante de US$ 1,3 bilhão, conforme levantamento da Distrito — a maioria desse capital foi investida nos últimos dois anos. Por aqui, quase 70% dos CVCs são focados na fase inicial das startups, por isso em geral com volumes menores.

O CVC da Sinqia, por exemplo, é de R$ 50 milhões e o da CSN, de R$ 30 milhões. Companhias que investem em fases também mais maduras têm veículos de maior porte – o banco BV dedicou R$ 300 milhões a esse tipo de investimento, ainda em 2018; a Via alocou R$ 200 milhões no ano passado e o Banco do Brasil dividiu esse mesmo valor em dois veículos,no início deste ano.

No mundo, foram investidos US$ 80 bilhões por CVCs somente em 2021, conforme a CB Insights.

Segundo Gebara, a Vivo continuará simultaneamente com outras estratégias, como parcerias no modelo da joint venture com a Ânima Educação e eventualmente aquisições. “O investimento em startups complementa nosso posicionamento digital”, reforça.. leia mais em Pipeline 11/04/2022