Na estratégia de diversificação de negócios, o grupo Votorantim reuniu seus ativos imobiliários em uma nova companhia no ano passado, batizada de Altre, e já acelerou o passo. A empresa comprou cerca de R$ 1,2 bilhão em ativos imobiliários, abocanhando uma das maiores participações no volume de transações compiladas pela CBRE em 2021, e avançou em desenvolvimento de projetos em áreas que já detinha – formando um portfólio atual de quase R$ 2,5 bilhões.

Agora, a Altre também vai crescer com sócios, tanto no Brasil quanto no mercado internacional. Em cimentos, a Votorantim tem operação nos Estados Unidos, Canadá e Espanha, mas aumentar a atuação no exterior em outras áreas faz parte da estratégia de composição de receitas e moedas daqui para frente.

“Abrimos um escritório em Nova York, onde a primeira operação e mais importante será imobiliária”, diz Sérgio Malacrida, CEO da Altre, ao Pipeline. “Em quantidade de transações, liquidez e oportunidades, Nova York é o Atlântico e São Paulo é o Mediterrâneo. A cidade está sempre se reinventando.”

Votorantim busca sócio gringo para Altre

Nos últimos meses, os executivos estiveram mais de seis vezes nos Estados Unidos conversando com operadores imobiliários, investidores e conhecendo projetos. A companhia está de olho nos escritórios em Nova York, mas também no filão dos residenciais multifamily, que já foi avaliar in loco na Flórida, Geórgia e Texas.

“Não buscamos ativo para capa de prospecto. Queremos ativos em que a gente possa adicionar valor, com um pouco mais de risco”, diz o CEO.

Como o negócio imobiliário tem suas especificidades, a Altre quer buscar um sócio com experiência local para uma joint venture com atuação na América do Norte. “Não adianta chegar lá sozinho. Queremos encontrar quem são as Altres dos Estados Unidos”, diz Haig Apovian, o gerente-geral de investimentos da companhia, que está de mudança para Manhattan com essa missão.

No mercado brasileiro, a estratégia é focada em São Paulo, incluindo também escritórios, galpões e grandes projetos multiuso, que incluam desenvolvimento urbano.

No ano passado, a Altre adquiriu o restante do Atlas Office Park, um conjunto de edifícios corporativos na zona oeste da capital paulista. A Altre já tinha 50% do imóvel, que havia sido uma permuta de incorporação em um terreno de mais de 130 mil m2 da Votorantim. Ali funcionava a metalúrgica Atlas.

“Vim aqui quando ainda estavam fazendo o buraco em que seria a garagem”, conta Malacrida, na torre em que hoje é a sede da Altre.

Assim como energia era só insumo na Votorantim e virou um negócio estratégico mais recentemente, a Votorantim foi acumulando ativos imobiliários para fábricas e exploração minerária – até pouco tempo, o grupo tinha uma fábrica de concreto em plena Marginal Pinheiros.

Com o desenvolvimento da área e ocupação dos escritórios por inquilinos como PicPay, Drogaria São Paulo e TokStok, o Atlas vai chegando a preços de Berrini – a metragem chega a R$ 100 no aluguel, segundo Apovian.

“Para expandir essa operação imobiliário no Brasil, estamos montando uma gestora. Assim, a ideia é que a Altre invista junto com terceiros”, diz o CEO. O modelo associativo já virou praxe na Votorantim, desde a fabricação de sucos de laranja, banco, energia, rodovias e, mais recentemente, numa gestora de participações. No mercado imobiliário, a lógica é parecida – um sócio compartilha o risco e ajuda a potencializar o negócio.a… leia mais em Pipeline 18/08/2022