Wellhub, Vale Metais, Maple Bear: quem está na fila para um IPO em NY
Enquanto o Brasil está perto de completar três anos sem um IPO, a reabertura do mercado americano tem instigado companhias brasileiras a avaliarem a listagem no exterior. Por lá, foram 94 ofertas neste ano.
A Picpay, fintech do grupo J&F que chegou a montar sindicato em 2021, contratou o Citi, e a Moove, empresa de lubrificantes do grupo Cosan, contratou bancos para coordenar sua listagem nos EUA. As instituições financeiras também já estão de olho num lugar na coordenação do IPO da Wellhub (antiga Gympass), que sinalizou que quer aproveitar uma eventual retomada de apetite por teses em torno de tecnologia e saída.
Outras empresas nacionais, como a rede de ensino Maple Bear, a empresa de tecnlogia financeira Dock e o app de delivery colombiano Rappi também já estão se preparando para um IPO no exterior, ainda que não previstos para este ano.
Diferentemente da última onda de IPOs de empresas brasileiras nos Estados Unidos que foi focada em companhias do setor financeiro e de educação com base tecnológica, a próxima leva deve incluir mais setores, como consumo, varejo e commodities, afirma Marcello Lo Re, chefe de renda variável do Morgan Stanley. Nessa linha, a Vale Base Metals, unidade de metais básicos da Vale, é apontada no mercado como potencial candidata.
No primeiro semestre, os IPOs nos Estados Unidos movimentaram US$ 20,7 bilhões, maior volume desde 2022. Só o total levantado na Nyse somou US$ 12 bilhões, enquanto as listagens na Nasdaq somaram US$ 8,7 bilhões, totalizando 53 IPOs de empresas e 13 de SPACs, veículos de investimento listados em bolsa que incorporam empresas fechadas.
Para Fabio Federici, responsável pela área de renda variável do Goldman Sachs no Brasil, a barra para listagem nos EUA está mais alta, com a média das ofertas saindo acima de US$ 700 milhões. “Hoje um tamanho de oferta mínimo para uma IPO nos EUA é algo acima de US$ 500 milhões”, diz Federici, apontando que o apetite não é para todo tipo de empresa.
Para se listar no exterior, as empresas não necessariamente precisam ter receitas em dólar, mas devem ter alta taxa de crescimento e serem vencedoras em seus setores e de preferência ter pares listados nos EUA para atrair a atenção de mais investidores, avaliam os bankers.
Com a maior liquidez no mercado americano, os fundos de private equity que investem em empresas brasileiras também voltaram a considerar a bolsa americana como uma porta de saída – o valuation das companhias em alguns setores lá fora está menos descontado que o de empresas listadas na bolsa brasileira. Entre as empresas nas carteiras dos fundos consideradas maduras para fazer uma oferta, segundo fontes, estão a Dock, Rappi e Creditas.
Unicórnio de serviços financeiros que tem como investidores os fundos Silver Lake, Riverwood e Lightrock, a Dock chegou a contratar bancos para um IPO nos EUA em 2021. Uma oferta de ações pode acontecer nos próximos dois anos, já que os fundos investidores querem antes uma maior clareza sobre a direção dos juros americanos e ver uma melhora no valuations das empresas financeiras incumbentes.
Já a colombiana Rappi, concorrente do iFood na entrega de comida no Brasil, tem entre os investidores Sequoia Capital, T. Rowe Price e Softbank. A empresa chegou ao breakeven em 2023 e contratou um CFO neste ano para se preparar para potencial IPO.
No setor de educação, apesar da Vitru ter trocado a bolsa americana pela brasileira e a Arco Educação ter decidido fechar o capital por lá, outras companhias veem oportunidade. A rede de escolas bilíngue Maple Bear, que foi criada no Canadá e hoje pertence ao grupo brasileiro SEB, planeja um IPO num horizonte de dois a cinco anos.
A rede atua em 36 países, o que dolariza sua receita. “Hoje o Brasil representa cerca de 40% da receita da companhia e o plano é reduzir essa participação para cerca de 20%”, afirma Nilson Curti, diretor executivo do grupo SEB. Mas a companhia quer expandir ainda mais as operações no exterior, principalmente nos Estados Unidos, Europa e Ásia, antes de uma listagem. “Pretendemos abrir cerca de 300 franquias de escolas nos Estados Unidos”, diz o CEO.
As empresas e bancos apontam como vantagens do mercado americano a possibilidade de acessar investidores dedicados a setores específicos, como biotecnologia e saúde, e a menor diluição do controlador, pela estrutura de classes diferentes classes de ações. Por outro lado, o custo é mais alto do que uma oferta no mercado brasileiro e a legislação mais rígida, na prática…. leia mais em Pipeline 03/07/2024