A negociação na Serena e a alavancagem do fundador
Entre as especulações envolvendo mudança societária na Serena Energia, circulou entre investidores e analistas nos últimos dias que o gatilho para mexer nas estruturas do negócio vem da alavancagem do fundador e CEO, Antonio Bastos. O empresário tomou recursos com quatro bancos para manter sua posição na companhia, entrando como comprador no follow-on passado da empresa – as dívidas têm chamada de margem, o que significa que aumentaram dada a desvalorização das ações da companhia nos últimos dois anos.
Mas isso não tem nada a ver com a estrutura de capital da empresa e nem Bastos está correndo contra o relógio. O Pipeline apurou que o empresário já fez renegociações e não tem vencimentos dentro de dois anos. Isso vale tanto para a dívida com o BTG Pactual quanto para a dívida com a ARC Capital, que substituiu outros três bancos numa estrutura que não fica chamando margem nesse meio tempo, segundo fontes com conhecimento do assunto.
“Essa alavancagem do Antonio é justamente o quanto ele aposta na empresa. Patrimonialmente, ele está all-in na Serena, uma empresa que vem entregando o que prometeu mas que o mercado insiste em desconto”, diz uma pessoa próxima à companhia.
Os financiamentos não têm cláusula de vencimento antecipado em caso de mudança societária, mas podem passar por uma revisão de termos já que ambos têm como garantia ações de uma empresa listada. O empresário pode monetizar ao menos parte de sua posição numa transação societária envolvendo controle da empresa, já que tem tag along.
A movimentação societária vem justamente do desconto nos papeis. A Actis costuma investir em empresas de capital fechado e já vinha se incomodando com a precificação em tela da Serena. Neste caso, ser listada tem dado pouca vantagem à companhia em relação à captação com equity. A empresa gerou R$ 2 bilhões de Ebitda ajustado em 2024, fechou o ano valendo R$ 3 bilhões em bolsa.
Mas a Actis tinha que esperar a conclusão da transação global de compra da gestora pela General Atlantic, o que aconteceu em outubro do ano passado – e as conversas sobre o que fazer com a Serena começaram em dezembro. A ação da companhia chegou a bater na mínima de R$ 5,28 há dois meses, longe dos R$ 13,50 que a Actis pagou na primeira tranche de sua posição, em 2022.
A Actis até considerou entrar como compradora na oferta de venda de parte da posição da Tarpon, no início do ano passado, mas estava no meio da transação com a GA e ainda com restrições de aumento de exposição nos fundos. Agora, a GA deixou claro que tem interesse em colocar mais dinheiro na empresa e que pode trazer um sócio adicional para fechar o capital da companhia – a conversa mais avançado é com o fundo soberano de Cingapura (GA e GIC já fizeram uma série de transações juntos) mas há outras possibilidades na mesa. “Qualquer transação que aconteça, a GA vai ancorar”, diz uma fonte… leia mais em Pipeline 28/02/2025