Antler, o berçário das startups, quer investir também nas mais crescidinhas
A Antler é uma gestora de venture capital peculiar: em vez de dar cheques e partir para o próximo negócio, o grupo originado em Cingapura costuma selecionar um punhado de (wanna be) startups e colocá-las em um programa de residência. Ao final de 10 semanas, os melhores negócios recebem um aporte pré-seed do grupo, geralmente de até US$ 150 mil. O intensivão de startupês para jovens empreendedores inclui teses e ideias que sequer foram para o PowerPoint ainda.
Mas essa estratégia começou a mudar: mirando a expansão de portfólio, a Antler quer fazer investimentos diretos em startups que não passaram pelo batch do grupo — justamente como um VC tradicional. Esse tipo de aporte vai ser direcionado a companhias ainda no early stage, mas que já deram alguns passos a mais do que os empreendedores da residência. São startups estruturadas, em que o founder já encontrou seus cofundadores e já abriu um CNPJ, por exemplo.
“A residência é um mecanismo para facilitar os deals da Antler, mas ela não deve ser mais um limitador para nós”, conta Marcelo Ciampolini, sócio da Antler e responsável por estruturar a operação no Brasil, em 2022, ao lado de Carolina Strobel, que é também chefe de operações da Redpoint ventures. Atualmente, a dupla coordena 66 pessoas na residência em São Paulo, que deve seguir até maio.
A Antler já fez aporte em duas novatas que não passaram pelo seu programa no Brasil. A Black Belt Finance e Via Van receberam cheque médio de US$ 135 mil. A gestora deve investir em até cinco empresas nesse formato até o fim do ano.
A ampliação de escopo acontece justamente quando a gestora está levantando um novo fundo focado em investimentos no Brasil. A meta é fechar a captação em US$ 50 milhões (cerca de R$ 200 milhões), dos quais 10% vão ser alocados nessa estratégia que extrapola a residência. O fundo tem participação do BNDES, family offices locais, investidores institucionais e da própria Antler global.
A gestora diz que tem olhado o “Brasil profundo” e que seu objetivo no país é fomentar o que chama de “efeito dente-de-leão”, aquela plantada que espalha suas sementes com um sopro. Nesse universo de startups, é quando ex-funcionários de uma empresa acabam criando seus próprios negócios e, assim, formando um polo de inovação.
“No futuro, vai fazer sentido ter dois escritórios no Brasil, como temos nos EUA. Mas, hoje, é mais estratégico trazer todos os empreendedores para São Paulo. E aí eles voltam para seus estados de origem e desenvolvem o sistema local. Ainda é mais vantajoso do que fazer residências em vários lugares”, diz Ciampolini.
A Antler está presente em 21 mercados globalmente, incluindo um escritório em São Paulo, o único na América Latina… leia mais em Pipeline 27/02/2025