O ano de 2023 pode não ser tão fácil para as ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) como os agentes de mercado esperavam. A mudança na percepção sobre a direção da Selic no ano que vem em meio às dúvidas sobre a política econômica do novo governo esfriou o otimismo na Faria Lima. Executivos dos bancos de investimento estimam que a retomada no ritmo dos IPOs pode ocorrer somente no segundo semestre, mas com o investidor ainda bem seletivo.

IPOs em 2023

Bolsa brasileira vive jejum de ofertas

Para o primeiro trimestre há apenas uma operação com possibilidade de vir ao mercado, a da geradora de energia CTG Brasil, que pretende levantar entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões para investir na construção de novas geradoras e pagar dividendos. Dado o jejum de 16 meses sem nenhuma oferta na B3, o que se comenta é que ao menos 50 nomes estão represados e aguardam desde meados de 2021 uma reabertura de janela. São ofertas com potencial de movimentar mais de R$ 60 bilhões, nos cálculos de executivos do mercado. E boa parte não deve sair do papel.

As maiores expectativas recaem entre empresas de infraestrutura, especialmente aquelas ligadas ao setor de saneamento. Algumas delas, como BRK, Aegea e Iguá, já manifestaram a intenção de abrir capital, uma vez que necessitam de recursos para dar vazão aos investimentos programados com concessões assumidas nos últimos anos. Além delas, Elo, St Marchet, Madero, Bluefit, Oliveira Trust também são candidatas a IPO, mas com menos chance de sucesso no ambiente cauteloso previsto para 2023.

Transações de grande porte devem ter maior apelo

Antes de a janela de captações se fechar, gestores comentavam que, das empresas que queriam abrir capital, cerca de 50% tinham viés de tecnologia. Agora, 75% são de setores mais tradicionais, como infraestrutura, e só 25% são de tecnologia.

”A diferença de 2022 para 2023 nas ofertas em bolsa será a retomada dos IPOs, algo como entre 10 e 15 IPOs, que terão de ter algumas características: transações grandes, de setores defensivos e companhias que desempenhem bem para engajar os investidores”, diz o …..

Participação de estrangeiros em ofertas deve crescer

Na Faria Lima, a expectativa é que a participação de investidores estrangeiros nas possíveis ofertas de 2023 cresça, sobretudo porque se espera operações maiores, acima de R$ 1 bilhão. Nos IPOs de 2020 e 2021, marcados por ofertas menores, investidores estrangeiros responderam por apenas 30% de participação, pois não compensava alocar ordens muito pequenas. Em 2023, a expectativa é que essa fatia aumente para a casa dos 50%.…. Por Altamiro Silva Junior e Cynthia Decloedt Leia mais em e4stadao 01/01/2023