Bolsas de NY: nada derruba o Nasdaq, que bateu seu 33º recorde do ano
Índice que reúne empresas de tecnologia avançou 3,24% na semana, enquanto o das maiores empresas americanas, o S&P 500, subiu 1,58% e o industrial Dow Jones caiu 0,54%
Os índices das bolsas de Nova York encerraram a semana sob pressão dos mercados europeus, que registraram forte queda diante da instabilidade política criada pelo avanço da extrema-direita, principalmente na França.
Também jogou contra os mercados de ações as previsões para a inflação da Universidade de Michigan, que foram mantidas ou subiram levemente. Como resultado, o índice Dow Jones caiu 0,15% na sessão, enquanto o S&P 500 ficou praticamente estável ao recuar 0,04%.
Só o índice que reúne empresas de tecnologia, o Nasdaq, subiu 0,12%, renovando a sua máxima histórica pela 33ª vez no ano, aos 17.693 pontos. O indicador é impulsionado pela força da inteligência artificial generativa. Na sessão de hoje, foi a vez das ações da Adobe dispararem, após seu resultado financeiro surpreender e mostrar a força da demanda pela nova tecnologia. A empresa vem inserindo IA em seus produtos.
Entre as empresas, o destaque ficou novamente com a fabricante de chips para inteligência artificial Nvdia, que registrou alta de 9,1% e foi seguida pela Apple, que valorizou 7,9% e atingiu uma nova máxima histórica após divulgar a sua nova estratégia de inteligência artificial.
Entre as cinco maiores altas do S&P 500, todas foram do setor de tecnologia, entre elas Adobe e Broadcom. Dentre as maiores baixas, Paypal caiu após a Apple anunciar uma parceria para parcelamento de compras com a rival Affirm.
O S&P 500 já renovou 14 vezes suas máximas históricas no ano, pois também está exposto às principais ações de tecnologia. Mas o descolamento do Nasdaq dos outros dois índices é impressionante, ainda mais em uma semana na qual o banco central americano (Federal Reserve, o Fed) optou por manter os juros e reduziu sua projeção para cortes nas taxas até o final do ano de 3 para entre 2 e 1. Por outro lado, dados de que a inflação vem desaquecendo animaram investidores.
Na semana, o índice de tecnologia avançou 3,24%, enquanto o S&P 500 subiu 1,58% e o Dow Jones recuou 0,54%.
Tecnologia lidera isolada
Paulo Gitz, estrategista global da XP, aponta que nos mercados de ações globais as ações de tecnologia americanas seguem como destaque isolado de alta. “Resultados muito bons de Broadcom, Oracle e Adobe e a queda nas taxas de juros dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) deram impulso ao mercado americano e ao setor de tecnologia”.
O S&P 500 subiu cerca de 1,6% enquanto o Nasdaq 100, com peso muito maior ao setor de tecnologia, disparou 3,5% e liderou os ganhos nos EUA. “Em termos setoriais, apenas o setor de tecnologia teve uma performance superior ao índice S&P 500 e 8 dos 11 setores fecharam a semana muito próximos do zero a zero ou no terreno negativo. Energia e financeiro caíram 2% ou mais”.
Animação faz sentido?
Para Nancy Vanden Houten, economista líder para os Estados Unidos da Oxford Economics, a animação do mercado é em parte compreensível. Afinal, o Fed depende de dados, e não do gráfico de pontos.
“As projeções econômicas atualizadas do Comitê Federal de Mercado Aberto apontam para apenas um corte de taxa este ano, mas essas previsões já estão desatualizadas, pois não capturam as boas notícias sobre a inflação divulgadas esta semana. Continuamos a esperar dois cortes de taxa este ano, com o primeiro ocorrendo em setembro”
As leituras de inflação em maio – o CPI, o PPI e os preços de importação – surpreenderam negativamente esta semana, e muitos dos detalhes nos relatórios foram encorajadores e indicam que a desinflação está de volta aos trilhos, conclui a economista. “Nosso mapeamento dos dados para o deflator PCE, o indicador de inflação preferido do Fed, aponta para uma leitura suave desse indicador para maio também”.
Naturalmente, o Fed precisará ver mais do que apenas um bom mês da inflação antes de baixar as taxas, mas a Oxford Economics espera que os dados divulgados entre agora e setembro deem aos oficiais a confiança necessária de que a inflação está em um caminho sustentável para a meta de 2%. Enquanto isso, um mercado de trabalho ainda sólido dá ao banco central a liberdade de ser paciente… Leia mais em valorinveste.globo.14/06/2024