Brasil pode ter ‘paradas súbitas’ na economia se não houver ajuste fiscal sustentável, diz Marcos Mendes, do Insper
A falta de um ajuste fiscal consistente no Brasil coloca a economia em rota de risco que pode culminar em “paradas súbitas”, alertou o doutor em economia e pesquisador associado do Insper, Marcos Mendes, em entrevista ao Money Times.
A desancoragem da inflação e das expectativas futuras, amplificada pelo risco fiscal, exige juros elevados, o que tende a impactar negativamente empresas endividadas, reduzindo investimentos e aumentando o número de falências. Esse cenário pode levar a uma desaceleração significativa do crescimento econômico.
Segundo Mendes, o aumento das incertezas no Brasil e a trajetória insustentável da dívida pública, combinados do impacto de uma potencial crise externa, agravam as condições econômicas internas.
“Costumo dizer que o Brasil é como um barquinho de papel no mar da economia global. Quando o mar está calmo, parece que está tudo bem, mas, bateu uma ondinha, nosso barco tomba”, afirmou.
Os principais desafios fiscais do país, na análise do economista, decorrem de decisões do atual governo. Entre eles, ele destaca “a reindexação do salário mínimo e do mínimo de saúde e educação e a adoção de um auxílio-doença, com pouca prevenção à fraude”.
Para equilibrar as contas públicas, o pesquisador defende o foco nas despesas, uma vez que o Brasil já arrecada muito, comparado aos demais países da América Latina. “A agenda de reforma das despesas é bem conhecida pelos técnicos, mas, sem convicção e coordenação política, isso não vai andar”.
As projeções de Mendes para o fiscal em 2025 não são positivas. Segundo ele, o orçamento está superestimado no lado das receitas e também muito otimista nas despesas.
“A expectativa de receita para o orçamento de 2025 está claramente inflada. Estimaram que a receita líquida será equivalente a 19% do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, historicamente, só alcançamos esse patamar em um único ano, no auge do boom das commodities“, disse.
Veja os destaques da entrevista com Marcos Mendes… leia mais em MoneyTimes 21/01/2025